29 settembre, 2013

Chat 2: chat, sala de bate-papo, Meeting, Orkut, Facebook et alii

   
  
     
     Quando escutei Eduardo e Mônica, cantado pelo Legião Urbana, amava aquele refrão que "prologando" recitava: "quem um dia irá dizer que não existe razão pras coisas feitas pelo coração, quem irá dizer, que não existe razão?!". Esta frase pascaliana era fascinante, pois revelava que nem tudo era guiado pela positivista racionalidade que pensa que somente o racional é real, que o real é racional. Qual razão?
     Por outro lado, o desenvolver daquela música falava de pessoas tão opostas, tão diversas, de mundos tão distantes,... racionalmente eu não entendia como fosse possível! Passei a apreçar a música, mas a pensar que, era uma poesia - merecedora da licença poética para poder avançar no ninho farpado da racionalidade rígida - que pretendia ser uma bandeira; a bandeira dos transgressivos, dos sonhadores, dos inconformados, de quem busca mais razões para a razão de sermos humanos, utópicos e humanamente insatisfeitos. Então, pascalianamente me pergunto: quem irá dizer que não exista razões que a razao desconheça?
     Há razões para pensar que se possa encontrar o amor de nossas vidas enquanto fazemos compras? Enquanto estamos frequentando a universidade, o ensino fundamental ou médio? Conheço casais bem casados que se conheceram ainda meninos, brincaram, se amaram; biblicamente, se conheceram,... E estão juntos até hoje! Podemos encontrar o amor de nossa vidas num trem, num ônibus, num avião, na rua, na praia, num parque, num bar, num teatro, num shopping, numa igreja, numa palestra, numa conferência, numa conferência, num retiro, numa discoteca, na balada, num baile, numa festa; debaixo de um trio, no carnaval; num show junino, numa quermesse,... O amor não tem lugar preciso, ele preenche tudo, sendo o Tudo, está em tudo sem ser o todo - longe de mim o panteísmo e o juízo de alguém que mal ou bem- intencionalmente  ler este post -; mas, deixando a profundidade de lado, como diria Belchior, voltemos aos lugares do amor. Pois, nos tempos nossos, nos tempos de hoje, o amor está na rede, na web, na internet. Antes que se decomposição o finado Orkut, quem não amou por ali? A partir dali? No Facebook? No Meeting? Nas brasileiras salas de bate-papo do yahoo, no falecido MSN? E dou razão a quem respondeu positivamente com Fernando Pessoa, que soube louvar as peripécias lusitanas no mar: "tudo fale a pena, se a alma não é pequena".
     Quem de nós nunca mandou aquele beijo escandalosamente virtual do MSN, pro seu amor; pra um irmão ou irmã; pro pai, pra mãe? Quem? Você não? Tadinho! Pois a rede pode muito bem ser mais um espaço de socialização num mondo onde assaltos acontecem até dentro de cinemas e shoppings; dentro de igrejas? Uma premissa: é um espaço virtual que não substitui aquele mais gostoso: o real. Mas este é outro assunto!
     Minha curiosidade de sociólogo e minha atenção e preocupação de cristão levou-me a ver uma outra parte deste mundo de estradas de fibra ótica; as salas de encontros, as chats. Antes falávamos em dar continuidade às nossas relações afetivas na Rede - não é a homônima rede de Marina Silva, entendamo-nos -, agora falaremos de encontrar, prolongar, perpetuar as relações afetivas na internet. A um tempo atras resolvi conhecer melhor este mundo e descobri coisas fantásticas e ao mesmo tempo paradoxalmente reais. Namoro na rede, casamento pela rede, sexo na rede,... Um mundo de potencialidade das mais exploradas. De fato, estatísticas revelam que mais de 70% do uso que se faz da internet é para buscar sexo e pornografia. Imaginem! Nunca aconteceu de receber um email "desconhecido", um pedido de amizade, uma publicidade, que ti conduzia à visualização de imagens sensuais, sexuais ou pornográficas? Se chegam até nós sem nem mesmo buscarmos, pensem o quanto pode ser garimpado procurando? A quantidade de ouro encontrada na Serra Pelada é fichinha! A descobertas das ressentes reservas de petróleo em Sergipe, uma pechincha!

     1) Como se ativa este mercado? Com as mesmas velhas leis do mercado: oferta, domanda; domanda, oferta! Você põe uma foto sensual, deixando à mostra certa belas partes do seu corpo e todo mundo vai lá - penso ao Facebook - e dá um clic dizendo, "joinha"...do outro lado alguém transforma aquilo em números e, igualmente diz, "joinha"; se quero ter muitas visualizações,... Coloquemos coisas "joinhas". Essa é a mais banal; se é que podemos chamar de banal tal coisa, visto o risco de manipulação de nossas fotos, das dos nossos filhos, de nossas ferias na praia,...o mercado pedófilo-pornográfico se nutri também desta maneira. Poderíamos entar no mundo dos modos de fomentar o mercado, mas, querendo chegar às chats, paremo-nos aqui arrematando assim: se meu provider sabe que um site de encontros virtuais com eventuais possibilidade de uso de webcam, de partilha de fotos "dá IBOPE", oferece a possíveis adquirentes seu produto e a criatividade - e, por vezes, a malícia e a maldade - fazem o resto.

     2) Tipologias de chat: gratuitas e pagas. De partilha de material somente escrito, escrito e falado; escrito, falado e visível (normalmente as mais usadas para bate-papos). De uso público irrestrito, restritas a zonas territoriais, a faixa horária, a faixa de idade. Esta última, absurda, dentre outras coisas, pelo fato que permita a um adolescente, por exemplo plantar-se diante de uma mensagem do tipo 
      - Material vetado para menores de idade.
      - Você tem mis de 18 anos? Entre ou saia! 
Imagine um adolescente mentalmente dando-se a resposta: Puxa! Caramba! (Evitemosoutras expressões exclamativas usuais!) Tenho 17,5,... Saio! Ingênua ou ridícula? Seguramente, nociva!

     3) Chat de encontros. Aqui, irei expor as mais sofisticadas. Aquelas que dão um bônus do tipo, uma semana, grátis para testar, 1 Gb de fluxo grátis,...e que no bem-bom da história faz aquela famosa pesquisa: Gostou? Viciou? Criou laços lá dentro? Pague!


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          Paro por aki, por falta de tempo!
         Continuarei nossa viagem na semana que vem!
         Deixo- vos com um fato histórico. Trata-se de uma frase pronunciada por Howard Carter, quando descobriu a tumba de Tutancâmon (port. Br), Tutancámon (port. Port.), Tutankhamon, aquele faraó do Antigo Egito que faleceu ainda na adolescência. 
         Bem, quando o Lord de Carnarvon, financiador das escavações de Carter, indagou-o sobre o que via desde a fresta feita na tumba, Carter parou, olhou, não acreditou. Olhou de novo, parou e exclamou: COISAS MARAVILHOSAS! 
         Bem, não excluindo as potencialidades nocivas do mal-uso da Rede, devo dizer que, nestas 2 semanas de pesquisa descobri, vi, COISAS MARAVILHOSAS.
         ATÉ A SEMANA QUE VEM!

Chat 1: sexual education, educación sexual, educação sexual, educazione sessuale

   

     Hoje na versão web do Corriere dela sera (www.corriere.it) pesquisa sobre sexo: os italianos declaram ter 108 relações sexuais ao ano ( 2x/semana); Para  25% da amostragem, estas "relações" duram apenas 2 minutos. Que são: coelhos, lebres? Nestas estatísticas entram casados e solteiros, heteros e homos, adultos e adolescentes. Alguém consegue conceber uma relação sexual que dure 2 minutos? O sexo "solitário", um velho eufemismo pra referir-se à masturbação, num tempo em que o pudor não permitia conceber que tal prática fosse solitária? Penso que, mesmo entre casais, existem casos - não me permito, porém, de avançar previsões - em que o ato de amar tenha chegado a este ponto, instrumental; um fim em si, ao invés de um meio. Aqui entrar uma questão crucial? A educação sexual. Entendamos: educar não é, necessariamente, sinônimo de instruir. Vejamos o porque.
     Uma de minhas "irmãs do meio", comprava, na segunda metade dos anos 80 uma revista para jovens de classe média - não era o seu caso - que si chamava Carícia. Acho que em parte ela, mas eu também, aprendemos muitos sobre sexo, sopre as crises da adolescência, e o mundo pequenos burguesia sociedade paulistana alí ( A revista era redigida em Sampa ). Já naquela época se falava com uma certa naturalidade de relações sexuais na adolescência, de masturbação e da frequência com que se praticava, ... De problemas generacionais, relações entre coetâneos, com os pais. E lembro-me qua a cada mês a revista trazia o perfil de um artista: signo, idade, altura, gostos,... E o tamanho do seu "aquilo". Imaginem! Bred Pitt, Johnny Deep, Rick Martin,... Todo mundo com seu "aquilo" catalogado e publicado. E depois dizem, hipocritamente maravilhados: est@s menin@s de hoje?
     Quando tive em mãos o primeiro preservativo, na pré-adolescência, fiz um balão de soprar. Eram extremamente borrachudos, quase brancos e ainda vinham com aquele pó branco e com o famoso made in USA. Poucos anos depois, vi minha mãe meio sem jeito dizer-me: toma! Pegue! É pra você! Fiquei sem jeito! Não disse nada! Minha mãe, com um desengonçado gesto disse tudo. Com o tempo fui aprendendo que poderia comprar, que existia a Jontex - sem pó, com lubrificante, que existiam três medidas - P, M, G -; e que, enquanto eu não sabia, ou não entendia, o que era o amor esmerado em Cristo, com sua profundidade, intensidade e responsabilidade, estava bem deste modo. Naqueles anos em que a AIDS  ia revelando-se como a praga que não faz acepção de sexo, tínhamos que defender o-nos com as armas que tínhamos em mãos. E no geral, independente de AIDS e demais DST's, enquanto não chegava a cura mais radical... O mal menor era não rejeitar os paliativos.
     O sentido do amor no sexo - e do sexo no amor - a altitude desse ato de doação dentro não somente do contexto de vida cristã, mas de prevenção mais radical a todos os males ginecológicos e andrológicos, passaria pela fidelidade, pela abstinência em certos contextos. Mas esta educação sexual não nos passavam, nem na família, nem entre amigos, nem na escola, nem na Igreja,... Num país de fama sexualmente fogosa, de casamentos e uniões estáveis entre jovens adolescentes numa percentagem não indiferente, com casos de abortos assustadores e de paternidade e maternidade em tenra idade, a educação sexual era tabu. Falava-se, em surdina, de coisas de mulheres, coisas de homens,...era importante ter gonorreia, sífilis, como se a ignorância sexual fosse um rito de passagem obrigatório daquela fase onde não sei mais menino e, sim, homem. 
     Ainda me lembro de uma de minhas irmãs urrando com as dores pré-menstruais. Quis saber por que ela fosse menos felizarda do que eu, que ao invés de dor, só conhecia o prazer. Acho que foi minha mãe que respondeu-me em um primeiro momento: " é coisa de mulher!". Mas, pra bem da justiça, explicaram-me em casa, qualquer tempo depois. O resto, aprendi na escola. O outro resto, que não é um valor acrescentado à nossa dimensão sexual, acho que só aprendi pois tornei-me um clérigo; pois estou convencido que ainda exista um deficit enorme por parte da religião que professo em relação à educação de seu membros.
     Noto, ainda um pieguismo que faz de um tema tão atual e tocante, um motivo de risada, às vezes de repúdio em função do modo como é tratado. Quando é tratado. Acho que falta gente preparada para trabalhar uma temática tua atual. E, às vezes, o uso de longínquas  metáforas só distanciam, ainda mais, a atualidade da temática. Podemos ser diretos sem sermos vulgares!

26 settembre, 2013

Control+Z: infidelidade relacional, perdão humano e máxima jesuítica

     Quantas vezes se pode perdoar?  Posta nestes termos, a primeira resposta que vem à mente de um cristão - muitas vezes, farisaicamente - é a que deu Jesus: 70x7; que significa na mentalidade judaica de Jesus, infinitamente, sempre! Mas vejamos do que realmente se trata aqui e, na resposta do Senhor.
      Estabeleçamos o contexto da questão que será exposta aqui: a vida intra-relacional de um casal. E, a problemática real: a infidelidade conjugal.
   Postas estas premissas, já se pode antecipar que a desenfreada tolerância não ajuda o consolidamento da relação, se de relacionamento amoroso se trata.
    Quem não se recorda do caso paradigmático de Bill e Hillary Clinton? A mulher traída que "engolia o sapo" da traição do marido com a estagiária dedicada a satisfazer os desejos de sexo oral do prepotente presidente. Pois bem, o reconhecimento público de sua infidelidade, a teatralidade do perdão da esposa ferida guiada pela legislação baseada na moralidade protestante valeu a permanência do marido na presidência não obstante as  indiscrições  sobre a modalidade da traição do residente da Casa Branca.
Partindo do preceito jesuítico podemos bem dizer que um erro é compreensível; mas um erro repetido ou contínuo manda em crise qualquer relação. A manifestada intenção de não corrigir-se pode tranquilamente ser o ponto de não-retorno, o limite para aquele incondicionado perdão.

Quem dentro nós, apaixonados pelas modernidades informaticas, nunca usou os teclados Control+Z? Quem não? Então, este é um comando finalizado a anular a ultima operação realizada. Cancelada uma frase não intencionalmente? Ctrl+ Z e a frase reaparece em seu monitor! E como se, usemos uma metáfora menos moderna, si rebubinasse aquela fita cassete e nos fosse concedida uma segunda oportunidade.
     Mas, vista a mente de nossa humana humanidade, também vale aquele adágio estadunidense: se me trai uma vez, ti deves envergonhar; se me trais uma segunda, quem deve envergonhar-se sou eu (literalmente: cheat me once, cheat me twice, shame on me). Como na vida normal, na conjugal o perdão pressupõe um verdadeiro arrependimento e, logo, o propósito de não mais "cair" no mesmo erro. 
Na ausência de tal propósito, sugere o bom senso, a separação momentânea pode ser aquela oportunidade concedida ao indiferente partner de dar uma "freiada" na vida e repensar os passos dados; ou no sentido da fidelidade, ou, no seu oposto. Pois, no caso jesuítico, o perdão deve ser conjugado com a justiça; ainda mais nos nossos tempos, onde uma "escapadinha" do casamento pode comportar danos irreparáveis como a contração de doenças como a AIDS, sem falar nos danos de ordem psicológico e moral. O partner que perdoa sempre, recordo a frase de um amigo meu, erra, porque choca com a paridade típica de uma relação entre pares - perdoem-me a redundância - passa do papel de partner ao papel de mãe. Além do mais, do ponto de vista psicológico, a pessoa ofendida deve poder viver sua raiva.
De fato, se o partner perdoa muito facilmente, negando-se o direito de sofrer é normalmente porque tem medo de perder o companheiro ou companheira. Então, esta em cheque uma forte dependência e não, o amor. Seja ela, econômica, de poder - pensemos outra vez à Clinton -, sexual ou intelectual,... O interesse é inquestionável e suficiente.

     Prefiro a máxima shopenhaueriana: "perdoar e esquecer significa jogar fora uma preciosa experiência já feita". Perdoar, sem mais, significa dar margem à reincidência. E a reincidência, provavelmente, é sinal que ao amor entre os partners já não mais existe visto que, quem trai, antes de mais nada trai a si mesmopois, ninguém obriga - fora as razões da fé - a permanecer dentro de uma relação. Mais: quem mente ao seu partner e a si mesmo, dar-lo-á também com os demais. Mas serve-nos esta conclusão: quem trai manda um sinal; e este sinal é o seguinte: eu já não me encontro bem dentro desta relação. Assim, fica o conselho: chegando este amargo sinal, parem! Reflitam! Analisem, cada um, sua própria historia; analisem, juntos, a vossa história; pois, para amarrar um laço desamarrado, humanamente, somente é o diálogo e a vontade de juntos, a quatro mãos, proporem-se tal empresa.  
A traição acontece justamente porque um dos dois, resolveu virar-se da outra parte. A visão mais alargada, na vida de casal, é possível somente quanto juntos, olham para o mesmo lado. E, se assim for, pode-se propor aquela famosa operação:
Control+Z; acrescentando, porém, a máxima jesuítica: vai, teu erro foi perdoado, mas, INSISTO, não erres mais!

16 settembre, 2013

Na escola dos jesuítas: de Martini a Bergoglio

Na escola dos jesuítas.
De Martini a Bergoglio



Nos anos de seu ministério episcopal a Milão, o jesuíta, arcebispo de Milão e cardeal da Igreja Católica, Carlo Maria Martini achou por bem instituir uma cátedra especial, uma situação para dialogar com um mundo tão culto quanto religiosa e secularizado como pode ser a diocese que guiou por tantos anos. Instituiu-a em 1987 e durou até o ano de 2002, quando foi aceita sua renúncia à guia pastoral daquela Arquidiocese, por limite de idade.
Um catedrático institui uma cátedra para dialogar. De fato, Martini foi professor e presidiu o Instituto Bíblico da Universidade Gregoriana, a Roma; o mais prestigioso centro acadêmico italiano - um dos melhores da Europa e, do mundo - neste campo de estudos. Como é sabido em algumas nações europeia - a protestante Alemanha e a católica Itália, são os maiores exemplos - o estudo teológico não somente é reconhecido civilmente, mas, no caso alemão, é ensinado nas universidades estatais. Bem, como professor e jesuíta Martini sabia andar aos umbrais que conduzem seja à fé que à razão, seja ao mundo religioso que ao mundo ainda pagão. Sabia andar ali para anunciar; nunca, impor ou camuflar a necessidade de propor a fé e dar razões da esperança de quem crer e de quem não crer. Na primeira edição destes encontros, em 1987, cunhou a frase: Cada um de nós tem dentro de si um crente e um descrente, que si interrogam mutuamente (Ciascuno di noi ha in sé un credente e un non credente, che si interrogano a vicenda ).
Quando acompanhava as proezas de Martini, o vi convidar expoentes italianos do mundo dos crentes, dos ateus e dos agnósticos para expor as razoes de suas dúvidas num lugar sui generis como pode ser o Duomo de Milão e na Sala Magna da Università degli Studi di Milano. Acho que, em terras brasileiras, sobretudo nestes tempos de revival do ultramontanismo; das rendas e dos brocadas no meio eclesiástico, o avanço martiniano geraria não poucas críticas e censuras. Mas, Martini era Martini! Suas convicções nasciam de uma profunda adesão a Jesus Cristo e não à busca do farisaico consenso dos que pensam à fé e ao dogma como um pacote fechado após o Concílio Vaticano I; e, nem mesmo após o Vaticano II.
Nos dias de discussões na cátedra dos não-crentes, o Duomo e a Sala Magna trasbordava de caçadores de sentido para a vida; muitos, jovens, intelectuais, acadêmicos,... Martini dialogava com o seu tempo! E as temáticas bem que falavam das coisas mas entranhadas nos milaneses e na sua Milão. Eram os seguintes: As razoes da fé (1987); O sentido da dor (1988); O espírito da infância (1989); Demos razões da esperança (1990); A ordem dos sentidos (1991); O homem diante do silêncio de Deus (1992); A oração de quem não crê (1993); Esta nossa bendita maldita cidade (1995) – neste ano as discussões da cátedra duravam uma semana –; fé e violência (1996) – dividido em duas sessões, em maio e novembro, num total de 16 dias –; Horizontes e limites da ciência (1998) – sessões em outubro e novembro, com duração, também, de 16 dias  –; Filhos de Crono (2000); Perguntas sobre a justiça (2002). 
Num outro momento de encontro, trocou cartas - por meio do laico jornal Corriere della Sera - respeitado e muito difuso periódico milanês - com ninguém menos que Umberto Eco, famoso pelo seu "O nome da rosa", especialista em Tomás de Aquino, o católico Doutor Angélico. Desta correspondência nascera o opúsculo Em que crê os que não creem  (In cosa crede chi non crede), um maravilhoso caminho entre as razoes da fé e as razões da consciente razão; uma viagem no mundo da ética, dos valores, das esperanças de um mundo melhor aqui e além).
Morando em Roma pude ouvir Martini, tirar uma foto, interrogá-lo. Numa primaveril noite romana ele falou a uma reduzida plateia e eu estava lá. Contava-nos de sua vida, das experiência de clérigo e, principalmente, do Sínodo sobre a Eucaristia. Tocando temas correlacionados, disse dos perigos de sua  eleição ao Sólio Pontifício - e de sua declarada renuncia caso isto acontecesse -, disse não encontrar razões bíblicas para a exclusão das casados ao sacerdócio católico, revelou- nos os conchavos para que até mesmo esta temática não entrasse nos atos daquela reunião e, confessou ter feito o que pode para que a Barca de Pedro avançasse nas águas mais profundas, onde se encontram os muitos dos questionamentos e das angustias do homem de hoje. E ao fim, apoiando- se numa simples bengala, revelou: hoje vivo em Jerusalém, em meio ao caos, orando pela paz, preparando minha derradeira viagem enquanto estudava aquilo que sempre amou, as Sagradas Escrituras.
Depois disso passei a acompanhá-lo aos sábados, em sua página no Corriere della Sera. Era ali que ele continuava a dialogar com o mundo, a levar uma palavra de conforto e um augúrio de paz aos que buscavam diálogo. Ainda conservo o jornal no qual ele se despedia do mundo. A página, uma poesia! Consolava a um pai que havia perdido sua filha - e com ela as aparentes razões de esperar em Deus, falava da necessidade de interromper aquela missão de correspondente a causa do agravo de sua doença e da necessidade de calar para poder ouvir à voz que chamava-o. Escolheu despedir-se de nós, seus leitores e interlocutores com uma imagem pictórica que retratava são Jerônimo. O quadro, para o bem da verdade, se chama San Girolamo nello Studio, datado de 1444, do pintor napolitano Colantonio. Uma Imagem belíssima! Nela o santo perscrutador e tradutor das Escritura estava em seu escritório em meio a rótulos e outros objetos que revelam sua erudiçao, seus interesses, sua erudição , numa pausa de trabalho, dedicando-se a retirar uma espinha de um leão que, docilmente, pousava sobre ele sua pata. Esse era Martini, o anjo bom que conheci, alto como um gigante, humilde como se fosse o menor dos seres desta terra.
Antes de sua morte, acorrida poucos meses após ficamos sabendo que apos o agravar de sua doença - o Mal de Parkinson - fora instruído a retornar à Itália, para melhor ser acudido. Na porta do seu quarto, como é comum nas residências sacerdotais, uma simples indicação com o nome do residente. No seu caso, porém, sem as excelência e as eminências; somente duas palavras : Padre Martini. Enfim, manifestou a seu ajudante seus últimos desejos, dentre estes, o mais aplaudido forem a renúncia a qualquer terapia que interrompesse o curso ordinário de sua passagem para a eternidade. 
Quase concluindo, penso que Martini foi de dialogar com seu mundo, seu tempo, deixando o sinal de abertura e de frescor numa mensagem muitas vezes coberta por inúmeras camadas de poeira e de rendas e brocados capaz de ofuscar a mensagem cheia de simplicidade, direta e dialogante do Evangelho de Jesus.

Mas, enfim, respeitando o título deste artigo, preanuncio uma futura reflexão: o Espírito que guia os eleitores dos papas parece já ter sentido nos anos passados de um papa de espírito martiniano na guia da Igreja. A intenção de eleger Martini era o preanuncio, a presença de Papa Bergoglio é a confirmação. Com algumas diferenças, porém.
Basta ver de novo as primeiras missas e os primeiros Angelus do papa argentino para entender: seu doutorado na Alemanha não é sinal de domínio, nem de uma reflexão teológica mais arguta, nem da língua daquele país. Mas, infelizes comparações com seu predecessor afastam o foco principal de seus pontificado: aproximar-se das pessoas comuns, mandando sinais de que mais do que nunca, a Barca de Pedro, mesmo não estando nas águas profundas do mar martiniano, fala ao coração de muitos dos homens de hoje. E, a prova maior - dentro das linhas aqui traçadas - foi a resposta de Bergoglio à provocação do jornalista Eugenio Scalfari que, após sua atenciosa leitura de não- crente da Encíclica ratzinger-bergogliana Lumen Fidei - como amante, "buscador" e reconhecedor das potências da mensagem de Jesus Cristo -, resolveu propor ao Papa Argentino alguns interrogativos nos editoriais de 7 de julho e 7 de agosto, muito na linha, digo eu, outrora traçada pelo dialogo Eco-Martini. No último 11 de setembro - casual a escolha da data? A destruição das Torres gêmeas, nos States -, veio a resposta do Papa ao jornalista italiano, fundador e ex-diretor do prestigiado jornal La Repubblica. Neste jornal, começou um diálogo, que auguramos seja somente o início, sobre tema ligados à fé e à "laicidade". Aqui, em seguida, reproduzo a missiva do jornalista e a resposta do pontífice. pros desconhecedores da língua itálica, sugiro - e já me arrependo - o uso de um tradutor eletrônico.

AS MISSIVAS DE SCALFARI


1) EDITORIAL DE JULHO: Le risposte che i due Papi non danno

LA POLITICA e l’economia non forniscono novità in questo week-end estivo. Solo Renzi e i suoi contraddittori proseguono nel loro chiacchiericcio ma, per quanto mi rigu
arda, mi sembra inutilmente ripetitivo. Le vere novità riguardano quanto sta accadendo in Egitto e di riflesso in tutto il Medio Oriente; se ne occupano i nostri inviati e commentatori che conoscono a menadito l’argomento.
Perciò, tutto considerato, il tema che più mi appassiona è l’enciclica “Lumen Fidei”, la prima firmata da papa Francesco. L’argomento è importante perché tocca il punto centrale della dottrina cristiana: che cos’è la fede, da dove proviene, come è vissuta dai credenti, quali reazioni suscita in chi non è cristiano, come spiega l’esistenza della razza umana e come risponde alle domande che ciascuno di noi si pone e alle quali il più delle volte non trova risposta: chi siamo, da dove veniamo, dove andiamo.
Questo è il tema dell’enciclica e quasi ogni papa l’ha affrontato durante il suo pontificato, specie dal XIX secolo in poi, quando cioè la modernità ha rivalutato la ragione ed ha messo in discussione il concetto di “assoluto” a cominciare dalla verità. Esiste una sola verità o tante quante i singoli individui e la loro mente ragionante ne configurano?
La Chiesa cattolica non poteva sfuggire ad un cimento di fondamentale importanza che tra l’altro chiama in causa la libertà che rappresenta la radice su cui poggia la civiltà stessa dell’Europa moderna. Di qui l’importanza dell’enciclica.
È singolare il fatto che il Concilio Vaticano II il tema della fede non l’abbia affrontato. Si proponeva esplicitamente di aprire il dialogo tra la Chiesa e la modernità; se fosse partito dall’ intangibilità degli “assoluti” sarebbe partito col piede sbagliato.
Papa Francesco invece ha seguito il percorso tradizionale. Il fatto che il contenuto della “Lumen Fidei” sia stato predisposto da papa Ratzinger ha scarso interesse se non per gli storici che si occupano delle vicende dei papi. Francesco, sia pure con svariati ritocchi, ha fatto proprio l’abbozzo trasmessogli da Ratzinger ed è dunque lui che ne risponde nella sua alta posizione apostolica di Pontefice e Vescovo di Roma. La discussione è dunque aperta.
Osservo di sfuggita che contemporaneamente alla pubblicazione dell’enciclica il papa ha decretato la santificazione di Giovanni XXIII e di Giovanni Paolo II; il primo mise le basi del Vaticano II e assegnò ai Vescovi i temi da esaminare; il secondo fece in qualche modo macchina indietro o quanto meno cessò di portarla avanti.
Come si è collocato ora Jorge Bergoglio? Questa mi sembra la domanda cui rispondere da parte di un non credente che tuttavia cerca senza pregiudizi di chiarire un tema che ci riguarda tutti da vicino.
* * *


I protagonisti religiosi e culturali dell’enciclica sono: il dio biblico e il suo rapporto con Abramo; Mosè e il suo ruolo di mediatore tra Dio e il popolo di Israele; il Vangelo dell’apostolo Giovanni; il pensiero di Paolo e quello di Agostino.
Faccio ora una prima osservazione: trovo singolare che papa Francesco basi gran parte del suo documento sul quarto Vangelo attribuito senza dubbio alcuno all’apostolo. Gli studiosi dei Vangeli e degli evangelisti hanno collocato quei documenti tra gli anni quaranta e i settanta dopo Cristo. Quello di Marco sarebbe il primo; subito dopo, tra i quaranta e i cinquanta, Matteo e Luca; Giovanni tra i sessanta e i settanta. Poiché Gesù morì circa a 33 anni di età, se l’evangelista del quarto Vangelo fosse l’apostolo, l’avrebbe scritto tra i suoi 80-90 anni, il che sembra francamente improbabile.
Comunque, condizione apostolica o meno, Giovanni come Marco non fornisce alcuna notizia sulla nascita e l’infanzia di Gesù. Non c’è Betlemme, non ci sono Giuseppe e Maria, non c’è stella cometa, pastori adoranti e Magi venuti dall’Oriente; non c’è fuga in Egitto né strage degli innocenti.
Il Vangelo di Giovanni comincia con versi profetici e poetici: «In principio era il Verbo / e il Verbo era Dio / tutte le cose furono fatte per mezzo di lui / e senza di lui nulla fu fatto di quanto esiste. / In lui era la vita / e la vita era la luce degli uomini / era nel mondo il Verbo / ma il mondo non lo conobbe / venne nelle sue case / ma non lo ricevettero. / Ma a quanti lo ricevettero / diede il potere di diventare figli di Dio». E infine lo snodo cruciale: «Il Verbo si è fatto carne / e abita tra noi / e noi fummo spettatori della sua gloria. / La legge fu data per mezzo di Mosè / ma la grazia e la verità / è venuta per mezzo di Gesù Cristo. / Dio non l’ha mai veduto nessuno / ce l’ha manifestato l’Unigenito Dio / che sta nel seno del padre».
Per l’evangelista Giovanni, Gesù è dunque il Verbo che si è fatto carne. Questo aspetto è assai delicato dal punto di vista teologico. Nessuno conosce Dio se non attraverso l’Unigenito che si è fatto carne ed è entrato nelle nostre case, nelle case di quelli che l’hanno ricevuto. Ma se si è fatto carne, non ha certo assunto un abito, indossato una tunica e adottato le movenze di uomo restando Dio. Se si è fatto carne ha assunto anche i dolori, le gioie, i desideri degli uomini. Infatti, secondo gli altri tre evangelisti, poco dopo il battesimo nelle acque del Giordano Gesù si è ritirato per 40 giorni nel deserto per essere tentato dal demonio e mettersi in questo modo alla prova. Il fatto d’aver resistito a quelle tentazioni deriva dunque da una sua battaglia contro i desideri umani; gli uomini di solito quel tipo di battaglie le perdono salvo poi pentirsi e ricaderci e pentirsi ancora confidando nella misericordia di Dio. I santi di solito le vincono e Gesù – dicono i Vangeli – la vinse e scacciò il demonio. Ma se aveva natura di uomo i desideri rimasero e rimase anche l’amore per se stesso insieme all’amore per gli altri.
Tentò un miracolo: far scomparire l’amore per sé concentrando l’intero suo flusso amoroso sugli altri e addirittura prescrivendo ai suoi discepoli di amare il prossimo come se stessi. Attenzione: come se stessi. L’amore per gli altri non aboliva dunque l’amore per sé ma si elevava come poteva allo stesso livello di sentimento.
Del resto che Gesù amasse se stesso risulta da una serie di episodi appena accennati nel Vangelo di Marco ma dettagliatamente riferiti in quello di Matteo. Un giorno Gesù parlava con un gruppo di persone in una casa di Cafarnao quando il padrone di quella casa si avvicinò a lui e gli sussurrò che fuor della porta c’erano sua madre e i suoi fratelli (per la prima volta si accenna in un Vangelo l’esistenza di fratelli) che volevano vederlo. Gesù ascoltò e rispose indicando con largo gesto i presenti: questi sono i miei fratelli e questa gente è mia madre. Dì a chi ti manda che tornino in pace a casa.
In un’altra occasione si rivolge ai discepoli che lo seguono dicendo loro: «Chi ha deciso di seguire me deve odiare il padre, la madre, i fratelli e le sorelle. Deve lasciare tutti se vuole seguire e amare me».
Infine un altro episodio, riferito sia da Marco che da Matteo: «Uno dei discepoli gli disse un giorno: Signore, domani non potrò essere con te, debbo andare ai funerali di mio fratello, ma tornerò appena possibile. E Gesù rispose: non andare e lascia che i morti seppelliscano i morti».
Se parlassimo di una comune persona anziché di quello che era (o riteneva di essere) il figlio di Dio, sulla base di questi episodi penseremmo d’essere in presenza di un Narciso all’ennesima potenza. Sicché è giustificato il dubbio: parliamo del figlio di Dio o del figlio dell’uomo? E qual è la risposta che la Chiesa dà di questi episodi scritti nei Vangeli riconosciuti dalla Chiesa stessa come validi e attendibili documenti?
Aggiungo, sempre parlando dei Vangeli che sono la sola documentazione sull’esistenza storica del personaggio, che dopo un anno di predicazione Gesù pose ai suoi dodici apostoli che rappresentavano il “cerchio magico dei suoi fedelissimi” la domanda: «Voi chi credete che io sia?».
Le risposte furono varie. La maggioranza disse tu sei il Rabbi, il maestro. Un paio rispose: tu sei il profeta Isaia redivivo. Un altro paio disse: tu sei il Messia, il messaggero di Dio che il popolo di Israele attende. Infine uno soltanto rispose: tu sei il figlio di Dio. Quanto a lui, quando parla di sé si definisce figlio dell’uomo anche se parlando di Dio usa sempre la parola “Abba” cioè Padre.
Infine nel Getsemani e poi sulla croce quando sta per emanare l’ultimo respiro, invoca il padre e implicitamente lo rimprovera: «Perché mi hai abbandonato?» a quel punto muore il suo corpo diventa una spoglia mentre il cielo esplode di fulmini e tuoni e trema la terra.
Così raccontano gli evangelisti. È evidente che un’enciclica seria che si pone il tema della fede non può evadere a queste domande altrimenti diventa un documento banale che dimostra e spiega la fede descrivendola come dono di Dio. Il Dio padre o suo figlio? Suo figlio, risponde l’enciclica e delinea la consueta sequenza: si conosce il Padre soltanto passando attraverso il Figlio e si conosce il Figlio soltanto passando attraverso i successori degli apostoli, cioè i Vescovi e in particolare il Vescovo di Roma che è il più alto rappresentante del magistero apostolico.
E in più: la fede è sinonimo di verità. La verità è il contenuto della fede e dell’amore.
Che l’amore sia il contenuto pastorale della Chiesa cattolica non c’è dubbio ed è certamente il tratto più positivo di tutta la sua pastoralità. Non tutte le altre confessioni cristiane predicano allo stesso modo l’amore. Questo è un segno di diversità e di qualità della Chiesa di Roma. Ma ora si pone un’ultima domanda.
* * *
L’incarnazione di Dio, e del Verbo, è un tratto distintivo ed esclusivo del cristianesimo. Nulla di simile esiste né per gli ebrei né per i musulmani, gli altri due monoteismi esistenti nel mondo. In realtà non esiste un Dio incarnato e Unigenito in nessuna religione del mondo. In alcune esistono dei incarnati, ma più d’uno. Anche gli “Olimpici” si incarnavano se e quando volevano, ma non erano veri uomini o vere donne: assumevano sembianze umane (o animalesche) ma nulla di più. Da questo punto di vista dunque il cristianesimo (e soprattutto il cattolicesimo) è un’eccezione. Ma lo scopo, o se volete il risultato, qual è?
Si potrebbe rispondere: la fede. Ma, purtroppo per chi lo dice, è una risposta sbagliata. La fede in Allah non è certo minore di quella nel Padre e nel Figlio. Si potrebbe addirittura dire che è ancora più intensa e sicuramente più diffusa, nelle popolazioni arabe in particolare.
Allah non ha una figura, non è in alcun modo rappresentabile e rappresentato. È un grave handicap per la storia dell’arte, ma non lo è dal punto di vista religioso. Allah è il signore del cielo e della terra e i suoi devoti avranno la felicità del paradiso, le opere saranno premiate, le preghiere dovranno esserci almeno due volte al giorno col volto verso la Mecca ovunque si trovi la persona credente. La secolarizzazione del mondo musulmano è iniziata ma procede con estrema lentezza. Trono e altare hanno convissuto per secoli nelle persone dei califfi, dei sultani, degli emiri.
L’assenza di un Unigenito incarnato non impedisce dunque la fede. E allora, perché? Una risposta – politica – c’è e si chiama limite. Date a Cesare quel che è di Cesare. Il cristianesimo nasce in concomitanza con l’Impero e ha continuato nei secoli a confrontarsi con l’autorità imperiale e comunque civile. Ha rifiutato (o ha dovuto rifiutare) la tentazione della teocrazia. Il Dio incarnato ha sempre precisato: il mio regno non è in questo mondo. Pilato di fronte a quella risposta stava per graziarlo ma la plebaglia di Gerusalemme preferì Barabba.
Infine una parola che riguarda gli ebrei e il loro Dio che è anche il Dio cristiano sotto altre spoglie: quel Dio non aveva promesso ad Abramo prosperità e felicità per il suo popolo? Ma durò assai poco quella prosperità. Furono schiavizzati dagli egiziani, poi dagli assiri e dai babilonesi, poi senza quasi intervallo, dai romani, poi la diaspora, poi le persecuzioni, infine la Shoah. Il Dio di Abramo la sua parola non l’ha dunque mantenuta. Qual è la risposta, reverendissimo papa Francesco?


2) EDITORIAL DE AGOSTO: Le domande di un non credente al papa gesuita chiamato Francesco

Papa Francesco è stato eletto al soglio petrino da pochissimi mesi ma continua a dare scandalo ogni giorno. Per come veste, per dove abita, per quello che dice, per quello che decide. Scandalo, ma benefico, tonificante, innovativo.
Con i giornalisti parla poco, anzi non parla affatto, il circo mediatico non fa per lui, non è nei suoi gusti, ma il suo dialogo con la gente è continuo, collettivo e individuale, ascolta, domanda, risponde, arriva nei luoghi più disparati ed ha sempre un testo da leggere tra le mani ma subito lo butta via. Improvvisa senza sforzo alcuno a cielo aperto o in una chiesa, in una capanna di pescatori o sulla spiaggia di Copacabana, nel salone delle udienze o dalla “papamobile” che fende dolcemente la folla dei fedeli.
È buono come Papa Giovanni, affascina la gente come Wojtyla, è cresciuto tra i gesuiti, ha scelto di chiamarsi Francesco perché vuole la Chiesa del poverello di Assisi. Infine: è candido come una colomba ma furbo come una volpe. Tutti ne scrivono, tutti lo guardano ammirati e tutti, presbiteri e laici, uomini e donne, giovani e vecchi, credenti e non credenti aspettano di vedere che cosa farà il giorno dopo.
Di politica non si occupa, non l’ha mai fatto né in Argentina da vescovo né dal Vaticano da papa. Criticò Videla sistematicamente, ma non per l’orribile dittatura da lui instaurata ma perché non provvedeva ad aiutare i poveri, i deboli, i bisognosi. Alla fine il governo, per liberarsi di quella voce fastidiosa, mise a sua disposizione una struttura assistenziale fino a quel momento inerte e lui abbandonò la sua diocesi ad un vicario e cominciò a battere tutto il paese come un missionario, ma non per convertire bensì per aiutare, educare, infondere speranza e carità.
Due mesi fa ha pubblicato un’enciclica sulla fede, un testo già scritto dal suo predecessore con il quale convive senza alcun imbarazzo a poche centinaia di metri di distanza. Ha ritoccato in pochi punti quel testo e l’ha firmato e reso pubblico.
L’enciclica è alquanto innovativa rispetto ad altre sullo stesso tema emesse dai suoi predecessori. La novità sta nel fatto che non si occupa del rapporto tra fede e ragione. Non esclude affatto che quel rapporto ci sia, ma a lui (e a Benedetto XVI) interessa la grazia che promana dal Signore e scende sui fedeli. La grazia coincide con la fede e la fede con la carità, l’amore per il prossimo, che è il solo modo – attenzione: il solo modo – di amare il Signore. Si sente il profumo intellettuale di Agostino. Più di Agostino che di Paolo. Ma qui andiamo già nel difficile. Si dovrebbe pensare che siano tre i Santi di riferimento per l’attuale Vescovo di Roma (che insiste molto su questa qualifica che accompagna e addirittura precede il titolo pontificale): Agostino, Ignazio, Francesco.
Ma è quest’ultimo che dà al Papa che ne ha preso il nome il connotato più evidente e da lui sottolineato in ogni occasione. Vuole una Chiesa povera che predichi il valore della povertà; una Chiesa militante e missionaria, una Chiesa pastorale, una Chiesa costruita a somiglianza di un Dio misericordioso, che non giudica ma perdona, che cerchi la pecora smarrita, che accolga il figliol prodigo.
Certo, la Chiesa cattolica è anche un’istituzione, ma l’istituzione, come la vede Francesco, è una struttura di servizio, come l’intendenza di un esercito rispetto alle truppe combattenti. L’intendenza segue, non precede. E così siano l’istituzione, la Curia, la Segreteria di Stato, la Banca, il Governatorato del Vaticano, le Congregazioni, i Nunzi e i Tribunali, tutta l’immensa e immensamente complessa architettura che tiene in piedi da duemila anni la Chiesa, Sposa di Cristo. Questo, finora, è stato il volto della Chiesa. La pastoralità? Certo, un bene prezioso. La Chiesa predicante? La Chiesa missionaria? La Chiesa povera? Certo, la vera sostanza che l’istituzione contiene come un gioiello prezioso dentro una scatola d’acciaio.
Ma attenzione: per duemila anni la Chiesa ha parlato, ha deciso, ha agito come istituzione. Non c’è mai stato un papa che abbia inalberato il vessillo della povertà, non c’è mai stato un papa che nonabbia gestito il potere, che non abbia difeso, rafforzato, amato il potere, non c’è mai stato un papa che abbia sentito come proprio il pensiero e il comportamento del poverello di Assisi. E non c’è mai stata, se non nei casi di debolezza e di agitazione, una Chiesa orizzontale invece che verticale. In duemila anni di storia la chiesa cattolica ha indetto 21 Concili ecumenici, per lo più addensati tra il III e il V secolo dell’era cristiana e tra il IX e il XIII. Dal Concilio di Trento passarono più di trecent’anni fino al Vaticano I preceduto dal Sillabo e poi ne passarono ottanta fino al Vaticano II.
I Sinodi sono stati ovviamente molto più numerosi, ma tutti indetti e guidati dalla Curia e dal Papa. Il cardinale Martini (vedi caso anch’egli gesuita) voleva accanto al magistero del Papa la struttura orizzontale dei Concili e dei Sinodi dei vescovi, delle Conferenze episcopali e della pastoralità. Non fu amato a Roma, come Bergoglio nel conclave che terminò con l’elezione di Ratzinger.
Bergoglio ama anche lui la struttura orizzontale. La sua missione contiene insomma due scandalose novità: la Chiesa povera di Francesco, la Chiesa orizzontale di Martini. E una terza: un Dio che non giudica ma perdona. Non c’è dannazione, non c’è Inferno. Forse Purgatorio? Sicuramente pentimento come condizione per il perdono. «Chi sono io per giudicare i gay o i divorziati che cercano Dio?» così Bergoglio.
* * *
Vorrei però a questo punto porgli qualche domanda. Non credo risponderà, ma qui ed oggi non sono un giornalista, sono un non credente che è da molti anni interessato e affascinato dalla predicazione di Gesù di Nazareth, figlio di Maria e di Giuseppe, ebreo della stirpe di David. Ho una cultura illuminista e non cerco Dio. Penso che Dio sia un’invenzione consolatoria e affascinate della mente degli uomini.
Ebbene, è in questa veste che mi permetto di porre a Papa Francesco qualche domanda e di aggiungere qualche mia riflessione.
Prima domanda: se una persona non ha fede né la cerca, ma commette quello che per la Chiesa è un peccato, sarà perdonato dal Dio cristiano? Seconda domanda: il credente crede nella verità rivelata, il non credente pensa che non esista alcun assoluto e quindi neppure una verità assoluta, ma una serie di verità relative e soggettive. Questo modo di pensare per la Chiesa è un errore o un peccato? Terza domanda: Papa Francesco ha detto durante il suo viaggio in Brasile che anche la nostra specie perirà come tutte le cose che hanno un inizio e una fine. Anch’io penso allo stesso modo, ma penso anche che con la scomparsa della nostra specie scomparirà anche il pensiero capace di pensare Dio e che quindi, quando la nostra specie scomparirà, allora scomparirà anche Dio perché nessuno sarà più in grado di pensarlo. Il Papa ha certamente una sua risposta a questo tema e a me piacerebbe molto conoscerla.
Ed ora una riflessione. Credo che il Papa, che predica la Chiesa povera, sia un miracolo che fa bene al mondo. Ma credo anche che non ci sarà un Francesco II. Una Chiesa povera, che bandisca il potere e smantelli gli strumenti di potere, diventerebbe irrilevante. È accaduto con Lutero ed oggi le sette luterane sono migliaia e continuano a moltiplicarsi. Non hanno impedito la laicizzazione anzi ne hanno favorito l’espansione. La Chiesa cattolica, piena di difetti e di peccati, ha resistito ed è anzi forte perché non ha rinunciato al potere. Ai non credenti come me Francesco piace molto, anzi moltissimo, come pure Francesco d’Assisi e Gesù di Nazareth. Ma non credo che Gesù sarebbe diventato Cristo senza un San Paolo.
Lunga vita a Papa Francesco.

RESUMINDO: a maturação do segundo editorial - sinceramente, mais mórbido do que o primeiro - gerou oito perguntas, que podem ser enumeradas assim:

1) A modernidade iluminista pôs em discussão o tema do "absoluto", partindo da verdade. Existe uma única verdade ou tantas quantas cada pessoa possa configurar? (La modernità illuminista ha messo in discussione il tema dell'"assoluto", a cominciare dalla verità. Esiste una sola verità o tante quante ciascuno individuo ne configura?).
2) os Evangelhos e a Doutrina da Igreja afirmam que o Unigênito de Deus se encarnou, certamente não vestindose-se e imitando os modos dos homens e permanecendo Deus, mas bem, assumindo também as dores, as alegrias e os desejos. Isto significa que Jesus teve todas as tentações da carne e venceu-as nao enquanto Deus, mas enquanto homem que se dispôs a levar o amor ao proximo ao mesmo nível de intensidade do amor a si mesmo. Daqui a provocação: ama o teu proximo como a ti mesmo. Ate que ponto a pregação de Jesus e da Igreja fundada sob seus discípulos realizou este objetivo? ( I Vangeli e la dottrina della Chiesa affermano che l'Unigenito di Dio si è fatto carne non certo indossando un abito e imitando le movenze degli uomini e restando Dio, bensì assumendone anche i dolori, le gioie e i desideri. Ciò significa che Gesù ha avuto tutte le tentazioni della carne e le ha vinte non in quanto Dio ma in quanto uomo che si era posto il fine di portare l'amore per gli altri allo stesso livello d'intensità dell'amore per sé. Di qui l'incitamento: ama il prossimo tuo come te stesso. Fino a che punto la predicazione di Gesù e della Chiesa fondata dai suoi discepoli ha realizzato questo obiettivo? ).
3) As outras religiões monoteistas, a judaica, a islâmica, prevêem um só Deus, o mistério da Trindade lhes é totalmente estranho. O cristianismo é então um monoteísmo ao quanto menos, particular. Como se explica que para uma religião que há como raiz o Deus bíblico, que não existe nenhum Filho Unigênito e não possa ser nem pronunciado nem pouco menos representado, como no caso de Alá?  (Le altre religioni monoteiste, l'ebraica e l'Islam, prevedono un solo Dio, il mistero della Trinità gli è del tutto estraneo. Il cristianesimo è dunque un monoteismo alquanto particolare. Come si spiega per una religione che ha come radice il Dio biblico, che non ha alcun Figlio Unigenito e non può essere né nominato né tantomeno raffigurato, come del resto Allah?).
4) O Deus encarnado sempre afirmou que o seu reino nem eram nem seria jamais deste mundo.    Il . daqui o " Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus". O Papa Francisco representa finalmente a prevalência da Igreja pobre e pastoral sobre aquela institucional e temporalidade? (Il Dio incarnato ha sempre affermato che il suo regno non era e non sarebbe mai stato di questo mondo. Di qui il "Date a Cesare ciò che è di Cesare e a Dio ciò che è di Dio". Papa Francesco rappresenta finalmente la prevalenza della Chiesa povera e pastorale su quella istituzionale e temporalistica?).
5) Deus prometeu a Abrahão e ao povo eleito de Israel prosperidade e felicidade, mas esta promessa nunca se realizou e culminou, depois de muitos séculos de perseguições e discriminações, no horror da Shoah. O Deus de Abrahão, que é também o dos cristãos, nao manteve, então, sua promessa? ( Dio promise ad Abramo e al popolo eletto di Israele prosperità e felicità, ma questa promessa non fu mai realizzata e culminò, dopo molti secoli di persecuzioni e discriminazioni, nell'orrore della Shoah. Il Dio di Abramo, che è anche quello dei cristiani, non ha dunque mantenuto la sua promessa?).
6)  Se uma pessoa não tem fé e nem busca-a, mas comete aquilo que para a Igreja é um pecado, será perdoado pelo Deus cristão? (Se una persona non ha fede né la cerca ma commette quello che per la Chiesa è un peccato, sarà perdonato dal Dio cristiano?).

7) Quem crê, crê na verdade revelada, quem não crê, crê que não exista algo "absoluto", mas uma série de verdades relativas e subjetivas. Este modo de pensar, para a Igreja, é um erro ou um pecado ?  (Il credente crede nella verità rivelata, il non credente crede che non esista alcun "assoluto" ma una serie di verità relative e soggettive. Questo modo di pensare per la Chiesa è un errore o un peccato?).
8) O Papa disse durante sua viagem ao Brasil que também nossa espécie, como todas as coisas que tem um início e um fim, terá um fim. mas quando nossa especie desaparecera tambem o pensamento desaparecera e ninguém mais pensara em Deus. então, neste ponto, Deus estará morto juntamente com todos os homens? (Papa ha detto durante il suo viaggio in Brasile che anche la nostra specie finirà come tutte le cose che hanno un inizio e una fine. Ma quando la nostra specie sarà scomparsa anche il pensiero sarà scomparso e nessuno penserà più Dio. Quindi, a quel punto, Dio sarà morto insieme a tutti gli uomini?).

3) EIS A RESPOSTA DO PAPA BERGOGLIO

Pregiatissimo Dottor Scalfari,
è con viva cordialità che, sia pure solo a grandi linee, vorrei cercare con questa mia di rispondere alla lettera che, dalle pagine di Repubblica, mi ha voluto indirizzare il 7 luglio con una serie di sue personali riflessioni, che poi ha arricchito sulle pagine dello stesso quotidiano il 7 agosto. La ringrazio, innanzi tutto, per l’attenzione con cui ha voluto leggere l’Enciclica Lumen fidei. Essa, infatti, nell’intenzione del mio amato Predecessore, Benedetto XVI, che l’ha concepita e in larga misura redatta, e dal quale, con gratitudine, l’ho ereditata, è diretta non solo a confermare nella fede in Gesù Cristo coloro che in essa già si riconoscono, ma anche a suscitare un dialogo sincero e rigoroso con chi, come Lei, si definisce «un non credente da molti anni interessato e affascinato dalla predicazione di Gesù di Nazareth». Mi pare dunque sia senz’altro positivo, non solo per noi singolarmente ma anche per la società in cui viviamo, soffermarci a dialogare su di una realtà così importante come la fede, che si richiama alla predicazione e alla figura di Gesù. Penso vi siano, in particolare, due circostanze che rendono oggi doveroso e prezioso questo dialogo.
Esso, del resto, costituisce, come è noto, uno degli obiettivi principali del Concilio Vaticano II, voluto da Giovanni XXIII, e del ministero dei Papi che, ciascuno con la sua sensibilità e il suo apporto, da allora sino ad oggi hanno camminato nel solco tracciato dal Concilio. La prima circostanza — come si richiama nelle pagine iniziali dell’Enciclica — deriva dal fatto che, lungo i secoli della modernità, si è assistito a un paradosso: la fede cristiana, la cui novità e incidenza sulla vita dell’uomo sin dall’inizio sono state espresse proprio attraverso il simbolo della luce, è stata spesso bollata come il buio della superstizione che si oppone alla luce della ragione. Così tra la Chiesa e la cultura d’ispirazione cristiana, da una parte, e la cultura moderna d’impronta illuminista, dall’altra, si è giunti all’incomunicabilità. È venuto ormai il tempo, e il Vaticano II ne ha inaugurato appunto la stagione, di un dialogo aperto e senza preconcetti che riapra le porte per un serio e fecondo incontro. La seconda circostanza, per chi cerca di essere fedele al dono di seguire Gesù nella luce della fede, deriva dal fatto che questo dialogo non è un accessorio secondario dell’esistenza del credente: ne è invece un’espressione intima e indispensabile. Mi permetta di citarLe in proposito un’affermazione a mio avviso molto importante dell’Enciclica: poiché la verità testimoniata dalla fede è quella dell’amore — vi si sottolinea — «risulta chiaro che la fede non è intransigente, ma cresce nella convivenza che rispetta l’altro. Il credente non è arrogante; al contrario, la verità lo fa umile, sapendo che, più che possederla noi, è essa che ci abbraccia e ci possiede. Lungi dall’irrigidirci, la sicurezza della fede ci mette in cammino, e rende possibile la testimonianza e il dialogo con tutti» (n. 34). È questo lo spirito che anima le parole che le scrivo.
La fede, per me, è nata dall’incontro con Gesù. Un incontro personale, che ha toccato il mio cuore e ha dato un indirizzo e un senso nuovo alla mia esistenza. Ma al tempo stesso un incontro che è stato reso possibile dalla comunità di fede in cui ho vissuto e grazie a cui ho trovato l’accesso all’intelligenza della Sacra Scrittura, alla vita nuova che come acqua zampillante scaturisce da Gesù attraverso i Sacramenti, alla fraternità con tutti e al servizio dei poveri, immagine vera del Signore. Senza la Chiesa — mi creda — non avrei potuto incontrare Gesù, pur nella consapevolezza che quell’immenso dono che è la fede è custodito nei fragili vasi d’argilla della nostra umanità. Ora, è appunto a partire di qui, da questa personale esperienza di fede vissuta nella Chiesa, che mi trovo a mio agio nell’ascoltare le sue domande e nel cercare, insieme con Lei, le strade lungo le quali possiamo, forse, cominciare a fare un tratto di cammino insieme. Mi perdoni se non seguo passo passo le argomentazioni da Lei proposte nell’editoriale del 7 luglio. Mi sembra più fruttuoso — o se non altro mi è più congeniale — andare in certo modo al cuore delle sue considerazioni. Non entro neppure nella modalità espositiva seguita dall’Enciclica, in cui Lei ravvisa la mancanza di una sezione dedicata specificamente all’esperienza storica di Gesù di Nazareth.
Osservo soltanto, per cominciare, che un’analisi del genere non è secondaria. Si tratta infatti, seguendo del resto la logica che guida lo snodarsi dell’Enciclica, di fermare l’attenzione sul significato di ciò che Gesù ha detto e ha fatto e così, in definitiva, su ciò che Gesù è stato ed è per noi. Le Lettere di Paolo e il Vangelo di Giovanni, a cui si fa particolare riferimento nell’Enciclica, sono costruiti, infatti, sul solido fondamento del ministero messianico di Gesù di Nazareth giunto al suo culmine risolutivo nella pasqua di morte e risurrezione. Dunque, occorre confrontarsi con Gesù, direi, nella concretezza e ruvidezza della sua vicenda, così come ci è narrata soprattutto dal più antico dei Vangeli, quello di Marco. Si costata allora che lo «scandalo» che la parola e la prassi di Gesù provocano attorno a lui derivano dalla sua straordinaria «autorità»: una parola, questa, attestata fin dal Vangelo di Marco, ma che non è facile rendere bene in italiano. La parola greca è «exousia », che alla lettera rimanda a ciò che «proviene dall’essere» che si è. Non si tratta di qualcosa di esteriore o di forzato, dunque, ma di qualcosa che emana da dentro e che si impone da sé. Gesù in effetti colpisce, spiazza, innova a partire— egli stesso lo dice — dal suo rapporto con Dio, chiamato familiarmente Abbà, il quale gli consegna questa «autorità» perché egli la spenda a favore degli uomini. Così Gesù predica «come uno che ha autorità», guarisce, chiama i discepoli a seguirlo, perdona... cose tutte che, nell’Antico Testamento, sono di Dio e soltanto di Dio. La domanda che più volte ritorna nel Vangelo di Marco: «Chi è costui che...?», e che riguarda l’identità di Gesù, nasce dalla costatazione di una autorità diversa da quella del mondo, un’autorità che non è finalizzata ad esercitare un potere sugli altri, ma a servirli, a dare loro libertà e pienezza di vita. E questo sino alpunto di mettere in gioco la propria stessa vita, sino a sperimentare l’incomprensione, il tradimento, il rifiuto, sino a essere condannato a morte, sino a piombare nello stato di abbandono sulla croce. Ma Gesù resta fedele a Dio, sino alla fine. Ed è proprio allora — come esclama il centurione romano ai piedi della croce, nel Vangelo di Marco — che Gesù si mostra, paradossalmente, come il Figlio di Dio! Figlio di un Dio che è amore e che vuole, con tutto se stesso, che l’uomo, ogni uomo, si scopra e viva anch’egli come suo vero figlio. Questo, per la fede cristiana, è certificato dal fatto che Gesù è risorto: non per riportare il trionfo su chi l’ha rifiutato, ma per attestare che l’amore di Dio è più forte della morte, il perdono di Dio è più forte di ogni peccato, e che vale la pena spendere la propria vita, sino in fondo, per testimoniare questo immenso dono.
La fede cristiana crede questo: che Gesù è il Figlio di Dio venuto a dare la sua vita per aprire a tutti la via dell’amore. Ha perciò ragione, egregio Dott. Scalfari, quando vede nell’incarnazione del
Figlio di Dio il cardine della fede cristiana. Già Tertulliano scriveva «caro cardo salutis», la carne (di Cristo) è il cardine della salvezza. Perché l’incarnazione, cioè il fatto che il Figlio di Dio sia venuto nella nostra carne e abbia condiviso gioie e dolori, vittorie e sconfitte della nostra esistenza, sino al grido della croce, vivendo ogni cosa nell’amore e nella fedeltà all’Abbà, testimonia l’incredibile amore che Dio ha per ogni uomo, il valore inestimabile che gli riconosce. Ognuno di noi, per questo, è chiamato a far suo lo sguardo e la scelta di amore di Gesù, a entrare nel suo modo di essere, di pensare e di agire. Questa è la fede, con tutte le espressioni che sono descritte puntualmente nell’Enciclica.
Sempre nell’editoriale del 7 luglio, Lei mi chiede inoltre come capire l’originalità della fede cristiana in quanto essa fa perno appunto sull’incarnazione del Figlio di Dio, rispetto ad altre fedi che gravitano invece attorno alla trascendenza assoluta di Dio. L’originalità, direi, sta proprio nel fatto che la fede ci fa partecipare, in Gesù, al rapporto che Egli ha con Dio che è Abbà e, in questa luce, al rapporto che Egli ha con tutti gli altri uomini, compresi i nemici, nel segno dell’amore. In altri termini, la figliolanza di Gesù, come ce la presenta la fede cristiana, non è rivelata per marcare una separazione insormontabile tra Gesù e tutti gli altri: ma per dirci che, in Lui, tutti siamo chiamati a essere figli dell’unico Padre e fratelli tra di noi. La singolarità di Gesù è per la comunicazione, non per l’esclusione. Certo, da ciò consegue anche — e non è una piccola cosa — quella distinzione tra la sfera religiosa e la sfera politica che è sancita nel «dare a Dio quel che è di Dio e a Cesare quel che è di Cesare», affermata con nettezza da Gesù e su cui, faticosamente, si è costruita la storia dell’Occidente. La Chiesa, infatti, è chiamata a seminare il lievito e il sale del Vangelo, e cioè l’amore e la misericordia di Dio che raggiungono tutti gli uomini, additando la meta ultraterrena e definitiva del nostro destino, mentre alla società civile e politica tocca il compito arduo di articolare e incarnare nella giustizia e nella solidarietà, nel diritto e nella pace, una vita sempre più umana. Per chi vive la fede cristiana, ciò non significa fuga dal mondo o ricerca di qualsivoglia egemonia, ma servizio all’uomo, a tutto l’uomo e a tutti gli uomini, a partire dalle periferie della storia e tenendo desto il senso della speranza che spinge a operare il bene nonostante tutto e guardando sempre al di là.
Lei mi chiede anche, a conclusione del suo primo articolo, che cosa dire ai fratelli ebrei circa la promessa fatta loro da Dio: è essa del tutto andata a vuoto? È questo — mi creda — un interrogativo che ci interpella radicalmente, come cristiani, perché, con l’aiuto di Dio, soprattutto apartire dal Concilio Vaticano II, abbiamo riscoperto che il popolo ebreo è tuttora, per noi, la radice santa da cui è germinato Gesù. Anch’io, nell’amicizia che ho coltivato lungo tutti questi anni con i fratelli ebrei, in Argentina, molte volte nella preghiera ho interrogato Dio, in modo particolare quando la mente andava al ricordo della terribile esperienza della Shoah. Quel che Le posso dire,con l’apostolo Paolo, è che mai è venuta meno la fedeltà di Dio all’alleanza stretta con Israele e che, attraverso le terribili prove di questi secoli, gli ebrei hanno conservato la loro fede in Dio. E di questo, a loro, non saremo mai sufficientemente grati, come Chiesa, ma anche come umanità. Essi poi, proprio perseverando nella fede nel Dio dell’alleanza, richiamano tutti, anche noi cristiani, al fatto che siamo sempre in attesa, come dei pellegrini, del ritorno del Signore e che dunque sempre dobbiamo essere aperti verso di Lui e mai arroccarci in ciò che abbiamo già raggiunto.
Vengo così alle tre domande che mi pone nell’articolo del 7 agosto. Mi pare che, nelle prime due, ciò che Le sta a cuore è capire l’atteggiamento della Chiesa verso chi non condivide la fede in Gesù. Innanzi tutto, mi chiede se il Dio dei cristiani perdona chi non crede e non cerca la fede. Premesso che — ed è la cosa fondamentale — la misericordia di Dio non ha limiti se ci si rivolge a lui con cuore sincero e contrito, la questione per chi non crede in Dio sta nell’obbedire alla propria coscienza. Il peccato, anche per chi non ha la fede, c’è quando si va contro la coscienza. Ascoltare e obbedire ad essa significa, infatti, decidersi di fronte a ciò che viene percepito come bene o come male. E su questa decisione si gioca la bontà o la malvagità del nostro agire.
In secondo luogo, mi chiede se il pensiero secondo il quale non esiste alcun assoluto e quindi neppure una verità assoluta, ma solo una serie di verità relative e soggettive, sia un errore o un peccato. Per cominciare, io non parlerei, nemmeno per chi crede, di verità «assoluta», nel senso che assoluto è ciò che è slegato, ciò che è privo di ogni relazione. Ora, la verità, secondo la fede cristiana, è l’amore di Dio per noi in Gesù Cristo. Dunque, la verità è una relazione! Tant’è vero che anche ciascuno di noi la coglie, la verità, e la esprime a partire da sé: dalla sua storia e cultura, dalla situazione in cui vive, ecc. Ciò non significa che la verità sia variabile e soggettiva, tutt’altro. Ma significa che essa si dà a noi sempre e solo come un cammino e una vita. Non ha detto forse Gesù stesso: «Io sono la via, la verità, la vita»? In altri termini, la verità essendo in definitiva tutt’uno con l’amore, richiede l’umiltà e l’apertura per essere cercata, accolta ed espressa. Dunque, bisogna intendersi bene sui termini e, forse, per uscire dalle strettoie di una contrapposizione... assoluta, reimpostare in profondità la questione. Penso che questo sia oggi assolutamente necessario per intavolare quel dialogo sereno e costruttivo che auspicavo all’inizio di questo mio dire. Nell’ultima domanda mi chiede se, con la scomparsa dell’uomo sulla terra, scomparirà anche il pensiero capace di pensare Dio. Certo, la grandezza dell’uomo sta nel poter pensare Dio. E cioè nel poter vivere un rapporto consapevole e responsabile con Lui. Ma il rapporto è tra due realtà. Dio — questo è il mio pensiero e questa la mia esperienza, ma quanti, ieri e oggi, li condividono! — non è un’idea, sia pure altissima, frutto del pensiero dell’uomo. Dio è realtà con la «R» maiuscola. Gesù ce lo rivela — e vive il rapporto con Lui — come un Padre di bontà e misericordia infinita. Dio non dipende, dunque, dal nostro pensiero. Del resto, anche quando venisse a finire la vita dell’uomo sulla terra — e per la fede cristiana, in ogni caso, questo mondo così come lo conosciamo è destinato a venir meno — , l’uomo non terminerà di esistere e, in un modo che non sappiamo, anche l’universo creato con lui. La Scrittura parla di «cieli nuovi e terra nuova» e afferma che, alla fine, nel dove e nel quando che è al di là di noi, ma verso il quale, nella fede, tendiamo con desiderio e attesa, Dio sarà «tutto in tutti».
Egregio Dott. Scalfari, concludo così queste mie riflessioni, suscitate da quanto ha voluto comunicarmi e chiedermi. Le accolga come la risposta tentativa e provvisoria, ma sincera e fiduciosa, all’invito che vi ho scorto di fare un tratto di strada insieme. La Chiesa, mi creda, nonostante tutte le lentezze, le infedeltà, gli errori e i peccati che può aver commesso e può ancora commettere in coloro che la compongono, non ha altro senso e fine se non quello di vivere e testimoniare Gesù: 
Lui che è stato mandato dall’Abbà «a portare ai poveri il lieto annuncio, a proclamare ai prigionieri la liberazione e ai ciechi la vista, a rimettere in libertà gli oppressi, a proclamare l’anno di grazia del Signore» (Lc4, 18-19).
Con fraterna vicinanza, Francesco.