Na escola dos jesuítas.
De Martini a Bergoglio
Nos
anos de seu ministério episcopal a Milão, o jesuíta, arcebispo de Milão e
cardeal da Igreja Católica, Carlo Maria Martini achou por bem instituir uma
cátedra especial, uma situação para dialogar com um mundo tão culto quanto
religiosa e secularizado como pode ser a diocese que guiou por tantos anos.
Instituiu-a em 1987 e durou até o ano de 2002, quando foi aceita sua renúncia à
guia pastoral daquela Arquidiocese, por limite de idade.
Um
catedrático institui uma cátedra para dialogar. De fato, Martini foi professor
e presidiu o Instituto Bíblico da Universidade Gregoriana, a Roma; o mais
prestigioso centro acadêmico italiano - um dos melhores da Europa e, do mundo -
neste campo de estudos. Como é sabido em algumas nações europeia - a protestante
Alemanha e a católica Itália, são os maiores exemplos - o estudo teológico não
somente é reconhecido civilmente, mas, no caso alemão, é ensinado nas
universidades estatais. Bem, como professor e jesuíta Martini sabia andar aos
umbrais que conduzem seja à fé que à razão, seja ao mundo religioso que ao
mundo ainda pagão. Sabia andar ali para anunciar; nunca, impor ou camuflar a
necessidade de propor a fé e dar razões da esperança de quem crer e de quem não
crer. Na primeira edição destes encontros, em 1987, cunhou a frase: Cada um
de nós tem dentro de si um crente e um descrente, que si interrogam mutuamente
(Ciascuno di noi ha in sé un credente e
un non credente, che si interrogano a vicenda ).
Quando
acompanhava as proezas de Martini, o vi convidar expoentes italianos do mundo
dos crentes, dos ateus e dos agnósticos para expor as razoes de suas dúvidas
num lugar sui generis como pode ser o
Duomo de Milão e na Sala Magna da
Università degli Studi di Milano. Acho que, em terras brasileiras, sobretudo
nestes tempos de revival do
ultramontanismo; das rendas e dos brocadas no meio eclesiástico, o avanço
martiniano geraria não poucas críticas e censuras. Mas, Martini era Martini!
Suas convicções nasciam de uma profunda adesão a Jesus Cristo e não à busca do
farisaico consenso dos que pensam à fé e ao dogma como um pacote fechado após o
Concílio Vaticano I; e, nem mesmo após o Vaticano II.
Nos
dias de discussões na cátedra dos não-crentes, o Duomo e a Sala Magna trasbordava de caçadores de sentido para a
vida; muitos, jovens, intelectuais, acadêmicos,... Martini dialogava com o seu
tempo! E as temáticas bem que falavam das coisas mas entranhadas nos milaneses
e na sua Milão. Eram os seguintes: As razoes da fé (1987); O sentido da dor
(1988); O espírito da infância (1989); Demos razões da esperança (1990); A
ordem dos sentidos (1991); O homem diante do silêncio de Deus (1992); A oração
de quem não crê (1993); Esta nossa bendita maldita cidade (1995) – neste ano as
discussões da cátedra duravam uma semana –; fé e violência (1996) – dividido em
duas sessões, em maio e novembro, num total de 16 dias –; Horizontes e limites
da ciência (1998) – sessões em outubro e novembro, com duração, também, de 16
dias –; Filhos de Crono (2000);
Perguntas sobre a justiça (2002).
Num
outro momento de encontro, trocou cartas - por meio do laico jornal Corriere della Sera - respeitado e muito
difuso periódico milanês - com ninguém menos que Umberto Eco, famoso pelo seu
"O nome da rosa", especialista em Tomás de Aquino, o católico Doutor
Angélico. Desta correspondência nascera o opúsculo Em que crê os que não creem
(In cosa crede chi non crede),
um maravilhoso caminho entre as razoes da fé e as razões da consciente razão;
uma viagem no mundo da ética, dos valores, das esperanças de um mundo melhor
aqui e além).
Morando
em Roma pude ouvir Martini, tirar uma foto, interrogá-lo. Numa primaveril noite
romana ele falou a uma reduzida plateia e eu estava lá. Contava-nos de sua vida,
das experiência de clérigo e, principalmente, do Sínodo sobre a Eucaristia.
Tocando temas correlacionados, disse dos perigos de sua eleição ao
Sólio Pontifício - e de sua declarada renuncia caso isto acontecesse -,
disse não encontrar razões bíblicas para a exclusão das casados ao sacerdócio
católico, revelou- nos os conchavos para que até mesmo esta temática não
entrasse nos atos daquela reunião e, confessou ter feito o que pode para que a
Barca de Pedro avançasse nas águas mais profundas, onde se encontram os muitos
dos questionamentos e das angustias do homem de hoje. E ao fim, apoiando- se
numa simples bengala, revelou: hoje vivo em Jerusalém, em meio ao caos, orando
pela paz, preparando minha derradeira viagem enquanto estudava aquilo que sempre
amou, as Sagradas Escrituras.
Depois
disso passei a acompanhá-lo aos sábados, em sua página no Corriere della Sera. Era ali que ele continuava a dialogar com o
mundo, a levar uma palavra de conforto e um augúrio de paz aos que buscavam
diálogo. Ainda conservo o jornal no qual ele se despedia do mundo. A página,
uma poesia! Consolava a um pai que havia perdido sua filha - e com ela as
aparentes razões de esperar em Deus, falava da necessidade de interromper
aquela missão de correspondente a causa do agravo de sua doença e da
necessidade de calar para poder ouvir à voz que chamava-o. Escolheu despedir-se
de nós, seus leitores e interlocutores com uma imagem pictórica que retratava
são Jerônimo. O quadro,
para o bem da verdade, se chama San
Girolamo nello Studio, datado de 1444, do pintor napolitano Colantonio.
Uma Imagem belíssima! Nela o santo perscrutador e tradutor das Escritura
estava em seu escritório –
em meio a rótulos e outros objetos que revelam sua erudiçao, seus interesses, sua erudição –, numa pausa de trabalho,
dedicando-se a retirar uma espinha de um leão que, docilmente, pousava sobre
ele sua pata. Esse era Martini, o anjo bom que conheci, alto como um gigante,
humilde como se fosse o menor dos seres desta terra.
Antes de sua morte, acorrida poucos meses após ficamos sabendo que apos o agravar de sua
doença - o Mal de Parkinson - fora instruído a retornar à Itália, para melhor ser
acudido. Na porta do seu quarto, como é comum nas residências sacerdotais, uma
simples indicação com o nome do residente. No seu caso, porém, sem as
excelência e as eminências; somente duas palavras : Padre Martini. Enfim,
manifestou a seu ajudante seus últimos desejos, dentre estes, o mais aplaudido
forem a renúncia a qualquer terapia que interrompesse o curso ordinário de sua
passagem para a eternidade.
Quase
concluindo, penso que Martini foi de dialogar com seu mundo, seu tempo,
deixando o sinal de abertura e de frescor numa mensagem muitas vezes coberta
por inúmeras camadas de poeira e de rendas e brocados capaz de ofuscar a
mensagem cheia de simplicidade, direta e dialogante do Evangelho de Jesus.
Mas,
enfim, respeitando o título deste artigo, preanuncio uma futura reflexão: o
Espírito que guia os eleitores dos papas parece já ter sentido nos anos
passados de um papa de espírito martiniano na guia da Igreja. A intenção de
eleger Martini era o preanuncio, a presença de Papa Bergoglio é a confirmação.
Com algumas diferenças, porém.
Basta ver de novo as primeiras missas e os
primeiros
Angelus do papa argentino
para entender: seu doutorado na Alemanha não é sinal de domínio, nem de uma
reflexão teológica mais arguta, nem da língua daquele país. Mas, infelizes
comparações com seu predecessor afastam o foco principal de seus pontificado:
aproximar-se das pessoas comuns, mandando sinais de que mais do que nunca, a
Barca de Pedro, mesmo não estando nas águas profundas do mar martiniano, fala
ao coração de muitos dos homens de hoje. E, a prova maior - dentro das linhas
aqui traçadas - foi a resposta de Bergoglio à provocação do jornalista Eugenio
Scalfari que, após sua atenciosa leitura de não- crente da Encíclica
ratzinger-bergogliana
Lumen Fidei -
como amante, "buscador" e reconhecedor das potências da mensagem
de Jesus Cristo -, resolveu propor ao Papa Argentino alguns interrogativos nos
editoriais de 7 de julho e 7 de agosto, muito na linha, digo eu, outrora
traçada pelo dialogo Eco-Martini. No último 11 de setembro - casual a escolha
da data? A destruição das Torres gêmeas, nos States -, veio a resposta do Papa
ao jornalista italiano, fundador e ex-diretor do prestigiado jornal
La Repubblica. Neste jornal, começou um
diálogo, que auguramos seja somente o início, sobre tema ligados à fé e à
"laicidade". Aqui, em seguida, reproduzo a missiva do jornalista e a
resposta do pontífice. pros desconhecedores da língua itálica, sugiro - e já me
arrependo - o uso de um tradutor eletrônico.
AS MISSIVAS DE SCALFARI
1) EDITORIAL DE JULHO: Le risposte che i
due Papi non danno
LA POLITICA e l’economia non forniscono novità in questo week-end
estivo. Solo Renzi e i suoi contraddittori proseguono nel loro chiacchiericcio
ma, per quanto mi
rigu
arda, mi sembra inutilmente ripetitivo.
Le vere novità riguardano quanto sta accadendo in Egitto e di riflesso in tutto
il Medio Oriente; se ne occupano i nostri inviati e commentatori che conoscono
a menadito l’argomento.
Perciò, tutto considerato, il tema che più mi appassiona è l’enciclica
“Lumen Fidei”, la prima firmata da papa Francesco. L’argomento è importante
perché tocca il punto centrale della dottrina cristiana: che cos’è la fede, da
dove proviene, come è vissuta dai credenti, quali reazioni suscita in chi non è
cristiano, come spiega l’esistenza della razza umana e come risponde alle
domande che ciascuno di noi si pone e alle quali il più delle volte non trova
risposta: chi siamo, da dove veniamo, dove andiamo.
Questo è il tema dell’enciclica e quasi ogni papa l’ha affrontato
durante il suo pontificato, specie dal XIX secolo in poi, quando cioè la
modernità ha rivalutato la ragione ed ha messo in discussione il concetto di
“assoluto” a cominciare dalla verità. Esiste una sola verità o tante quante i
singoli individui e la loro mente ragionante ne configurano?
La Chiesa cattolica non poteva sfuggire ad un cimento di fondamentale
importanza che tra l’altro chiama in causa la libertà che rappresenta la radice
su cui poggia la civiltà stessa dell’Europa moderna. Di qui l’importanza
dell’enciclica.
È singolare il fatto che il Concilio Vaticano II il tema della fede
non l’abbia affrontato. Si proponeva esplicitamente di aprire il dialogo tra la
Chiesa e la modernità; se fosse partito dall’ intangibilità degli “assoluti” sarebbe
partito col piede sbagliato.
Papa Francesco invece ha seguito il percorso tradizionale. Il fatto
che il contenuto della “Lumen Fidei” sia stato predisposto da papa Ratzinger ha
scarso interesse se non per gli storici che si occupano delle vicende dei papi.
Francesco, sia pure con svariati ritocchi, ha fatto proprio l’abbozzo
trasmessogli da Ratzinger ed è dunque lui che ne risponde nella sua alta
posizione apostolica di Pontefice e Vescovo di Roma. La discussione è dunque
aperta.
Osservo di sfuggita che contemporaneamente alla pubblicazione
dell’enciclica il papa ha decretato la santificazione di Giovanni XXIII e di
Giovanni Paolo II; il primo mise le basi del Vaticano II e assegnò ai Vescovi i
temi da esaminare; il secondo fece in qualche modo macchina indietro o quanto
meno cessò di portarla avanti.
Come si è collocato ora Jorge Bergoglio? Questa mi sembra la domanda
cui rispondere da parte di un non credente che tuttavia cerca senza pregiudizi
di chiarire un tema che ci riguarda tutti da vicino.
* * *
I protagonisti religiosi e culturali dell’enciclica sono: il dio
biblico e il suo rapporto con Abramo; Mosè e il suo ruolo di mediatore tra Dio
e il popolo di Israele; il Vangelo dell’apostolo Giovanni; il pensiero di Paolo
e quello di Agostino.
Faccio ora una prima osservazione: trovo singolare che papa Francesco
basi gran parte del suo documento sul quarto Vangelo attribuito senza dubbio
alcuno all’apostolo. Gli studiosi dei Vangeli e degli evangelisti hanno
collocato quei documenti tra gli anni quaranta e i settanta dopo Cristo. Quello
di Marco sarebbe il primo; subito dopo, tra i quaranta e i cinquanta, Matteo e
Luca; Giovanni tra i sessanta e i settanta. Poiché Gesù morì circa a 33 anni di
età, se l’evangelista del quarto Vangelo fosse l’apostolo, l’avrebbe scritto
tra i suoi 80-90 anni, il che sembra francamente improbabile.
Comunque, condizione apostolica o meno, Giovanni come Marco non
fornisce alcuna notizia sulla nascita e l’infanzia di Gesù. Non c’è Betlemme,
non ci sono Giuseppe e Maria, non c’è stella cometa, pastori adoranti e Magi
venuti dall’Oriente; non c’è fuga in Egitto né strage degli innocenti.
Il Vangelo di Giovanni comincia con versi profetici e poetici: «In
principio era il Verbo / e il Verbo era Dio / tutte le cose furono fatte per
mezzo di lui / e senza di lui nulla fu fatto di quanto esiste. / In lui era la
vita / e la vita era la luce degli uomini / era nel mondo il Verbo / ma il
mondo non lo conobbe / venne nelle sue case / ma non lo ricevettero. / Ma a
quanti lo ricevettero / diede il potere di diventare figli di Dio». E infine lo snodo cruciale: «Il Verbo si è fatto carne / e abita tra
noi / e noi fummo spettatori della sua gloria. / La legge fu data per mezzo di
Mosè / ma la grazia e la verità / è venuta per mezzo di Gesù Cristo. / Dio non
l’ha mai veduto nessuno / ce l’ha manifestato l’Unigenito Dio / che sta nel
seno del padre».
Per l’evangelista Giovanni, Gesù è dunque il Verbo che si è fatto
carne. Questo aspetto è assai delicato dal punto di vista teologico. Nessuno
conosce Dio se non attraverso l’Unigenito che si è fatto carne ed è entrato
nelle nostre case, nelle case di quelli che l’hanno ricevuto. Ma se si è fatto
carne, non ha certo assunto un abito, indossato una tunica e adottato le
movenze di uomo restando Dio. Se si è fatto carne ha assunto anche i dolori, le
gioie, i desideri degli uomini. Infatti, secondo gli altri tre evangelisti,
poco dopo il battesimo nelle acque del Giordano Gesù si è ritirato per 40
giorni nel deserto per essere tentato dal demonio e mettersi in questo modo
alla prova. Il fatto d’aver resistito a quelle tentazioni deriva dunque da una
sua battaglia contro i desideri umani; gli uomini di solito quel tipo di
battaglie le perdono salvo poi pentirsi e ricaderci e pentirsi ancora
confidando nella misericordia di Dio. I santi di solito le vincono e Gesù –
dicono i Vangeli – la vinse e scacciò il demonio. Ma se aveva natura di uomo i
desideri rimasero e rimase anche l’amore per se stesso insieme all’amore per
gli altri.
Tentò un miracolo: far scomparire l’amore per sé concentrando l’intero
suo flusso amoroso sugli altri e addirittura prescrivendo ai suoi discepoli di
amare il prossimo come se stessi. Attenzione: come se stessi. L’amore per gli
altri non aboliva dunque l’amore per sé ma si elevava come poteva allo stesso
livello di sentimento.
Del resto che Gesù amasse se stesso risulta da una serie di episodi
appena accennati nel Vangelo di Marco ma dettagliatamente riferiti in quello di
Matteo. Un giorno Gesù parlava con un gruppo di persone in una casa di Cafarnao
quando il padrone di quella casa si avvicinò a lui e gli sussurrò che fuor
della porta c’erano sua madre e i suoi fratelli (per la prima volta si accenna
in un Vangelo l’esistenza di fratelli) che volevano vederlo. Gesù ascoltò e
rispose indicando con largo gesto i presenti: questi sono i miei fratelli e
questa gente è mia madre. Dì a chi ti manda che tornino in pace a casa.
In un’altra occasione si rivolge ai discepoli che lo seguono dicendo
loro: «Chi ha deciso di seguire me deve odiare il padre, la madre, i fratelli e
le sorelle. Deve lasciare tutti se vuole seguire e amare me».
Infine un altro episodio, riferito sia da Marco che da Matteo: «Uno
dei discepoli gli disse un giorno: Signore, domani non potrò essere con te, debbo
andare ai funerali di mio fratello, ma tornerò appena possibile. E Gesù
rispose: non andare e lascia che i morti seppelliscano i morti».
Se parlassimo di una comune persona anziché di quello che era (o
riteneva di essere) il figlio di Dio, sulla base di questi episodi penseremmo
d’essere in presenza di un Narciso all’ennesima potenza. Sicché è giustificato
il dubbio: parliamo del figlio di Dio o del figlio dell’uomo? E qual è la
risposta che la Chiesa dà di questi episodi scritti nei Vangeli riconosciuti
dalla Chiesa stessa come validi e attendibili documenti?
Aggiungo, sempre parlando dei Vangeli che sono la sola documentazione
sull’esistenza storica del personaggio, che dopo un anno di predicazione Gesù
pose ai suoi dodici apostoli che rappresentavano il “cerchio magico dei suoi
fedelissimi” la domanda: «Voi chi credete che io sia?».
Le risposte furono varie. La maggioranza disse tu sei il Rabbi, il
maestro. Un paio rispose: tu sei il profeta Isaia redivivo. Un altro paio
disse: tu sei il Messia, il messaggero di Dio che il popolo di Israele attende.
Infine uno soltanto rispose: tu sei il figlio di Dio. Quanto a lui, quando
parla di sé si definisce figlio dell’uomo anche se parlando di Dio usa sempre
la parola “Abba” cioè Padre.
Infine nel Getsemani e poi sulla croce quando sta per emanare l’ultimo
respiro, invoca il padre e implicitamente lo rimprovera: «Perché mi hai
abbandonato?» a quel punto muore il suo corpo diventa una spoglia mentre il
cielo esplode di fulmini e tuoni e trema la terra.
Così raccontano gli evangelisti. È evidente che un’enciclica seria che
si pone il tema della fede non può evadere a queste domande altrimenti diventa
un documento banale che dimostra e spiega la fede descrivendola come dono di
Dio. Il Dio padre o suo figlio? Suo figlio, risponde l’enciclica e delinea la
consueta sequenza: si conosce il Padre soltanto passando attraverso il Figlio e
si conosce il Figlio soltanto passando attraverso i successori degli apostoli,
cioè i Vescovi e in particolare il Vescovo di Roma che è il più alto
rappresentante del magistero apostolico.
E in più: la fede è sinonimo di verità. La verità è il contenuto della
fede e dell’amore.
Che l’amore sia il contenuto pastorale della Chiesa cattolica non c’è
dubbio ed è certamente il tratto più positivo di tutta la sua pastoralità. Non
tutte le altre confessioni cristiane predicano allo stesso modo l’amore. Questo
è un segno di diversità e di qualità della Chiesa di Roma. Ma ora si pone
un’ultima domanda.
* * *
L’incarnazione di Dio, e del Verbo, è un tratto distintivo ed
esclusivo del cristianesimo. Nulla di simile esiste né per gli ebrei né per i
musulmani, gli altri due monoteismi esistenti nel mondo. In realtà non esiste
un Dio incarnato e Unigenito in nessuna religione del mondo. In alcune esistono
dei incarnati, ma più d’uno. Anche gli “Olimpici” si incarnavano se e quando
volevano, ma non erano veri uomini o vere donne: assumevano sembianze umane (o
animalesche) ma nulla di più. Da questo punto di vista dunque il cristianesimo
(e soprattutto il cattolicesimo) è un’eccezione. Ma lo scopo, o se volete il
risultato, qual è?
Si potrebbe rispondere: la fede. Ma, purtroppo per chi lo dice, è una
risposta sbagliata. La fede in Allah non è certo minore di quella nel Padre e
nel Figlio. Si potrebbe addirittura dire che è ancora più intensa e sicuramente
più diffusa, nelle popolazioni arabe in particolare.
Allah non ha una figura, non è in alcun modo rappresentabile e
rappresentato. È un grave handicap per la storia dell’arte, ma non lo è dal
punto di vista religioso. Allah è il signore del cielo e della terra e i suoi
devoti avranno la felicità del paradiso, le opere saranno premiate, le
preghiere dovranno esserci almeno due volte al giorno col volto verso la Mecca
ovunque si trovi la persona credente. La secolarizzazione del mondo musulmano è
iniziata ma procede con estrema lentezza. Trono e altare hanno convissuto per
secoli nelle persone dei califfi, dei sultani, degli emiri.
L’assenza di un Unigenito incarnato non impedisce dunque la fede. E
allora, perché? Una risposta – politica – c’è e si chiama limite. Date a Cesare
quel che è di Cesare. Il cristianesimo nasce in concomitanza con l’Impero e ha
continuato nei secoli a confrontarsi con l’autorità imperiale e comunque
civile. Ha rifiutato (o ha dovuto rifiutare) la tentazione della teocrazia. Il
Dio incarnato ha sempre precisato: il mio regno non è in questo mondo. Pilato
di fronte a quella risposta stava per graziarlo ma la plebaglia di Gerusalemme
preferì Barabba.
Infine una parola che riguarda gli ebrei e il loro Dio che è anche il
Dio cristiano sotto altre spoglie: quel Dio non aveva promesso ad Abramo
prosperità e felicità per il suo popolo? Ma durò assai poco quella prosperità.
Furono schiavizzati dagli egiziani, poi dagli assiri e dai babilonesi, poi senza
quasi intervallo, dai romani, poi la diaspora, poi le persecuzioni, infine la
Shoah. Il Dio di Abramo la sua parola non l’ha dunque mantenuta. Qual è la
risposta, reverendissimo papa Francesco?
2) EDITORIAL DE AGOSTO: Le domande di un
non credente al papa gesuita chiamato Francesco
Papa Francesco è stato eletto al soglio petrino da pochissimi mesi ma
continua a dare scandalo ogni giorno. Per come veste, per dove abita, per
quello che dice, per quello che decide. Scandalo, ma benefico, tonificante,
innovativo.
Con i giornalisti parla poco, anzi non parla affatto, il circo
mediatico non fa per lui, non è nei suoi gusti, ma il suo dialogo con la gente
è continuo, collettivo e individuale, ascolta, domanda, risponde, arriva nei
luoghi più disparati ed ha sempre un testo da leggere tra le mani ma subito lo
butta via. Improvvisa senza sforzo alcuno a cielo aperto o in una chiesa, in
una capanna di pescatori o sulla spiaggia di Copacabana, nel salone delle
udienze o dalla “papamobile” che fende dolcemente la folla dei fedeli.
È buono come Papa Giovanni, affascina la gente come Wojtyla, è
cresciuto tra i gesuiti, ha scelto di chiamarsi Francesco perché vuole la
Chiesa del poverello di Assisi. Infine: è candido come una colomba ma furbo
come una volpe. Tutti ne scrivono, tutti lo guardano ammirati e tutti,
presbiteri e laici, uomini e donne, giovani e vecchi, credenti e non credenti
aspettano di vedere che cosa farà il giorno dopo.
Di politica non si occupa, non l’ha mai fatto né in Argentina da
vescovo né dal Vaticano da papa. Criticò Videla sistematicamente, ma non per
l’orribile dittatura da lui instaurata ma perché non provvedeva ad aiutare i
poveri, i deboli, i bisognosi. Alla fine il governo, per liberarsi di quella
voce fastidiosa, mise a sua disposizione una struttura assistenziale fino a
quel momento inerte e lui abbandonò la sua diocesi ad un vicario e cominciò a
battere tutto il paese come un missionario, ma non per convertire bensì per
aiutare, educare, infondere speranza e carità.
Due mesi fa ha pubblicato un’enciclica sulla fede, un testo già
scritto dal suo predecessore con il quale convive senza alcun imbarazzo a poche
centinaia di metri di distanza. Ha ritoccato in pochi punti quel testo e l’ha
firmato e reso pubblico.
L’enciclica è alquanto innovativa rispetto ad altre sullo stesso tema
emesse dai suoi predecessori. La novità sta nel fatto che non si occupa del
rapporto tra fede e ragione. Non esclude affatto che quel rapporto ci sia, ma a
lui (e a Benedetto XVI) interessa la grazia che promana dal Signore e scende
sui fedeli. La grazia coincide con la fede e la fede con la carità, l’amore per
il prossimo, che è il solo modo – attenzione: il solo modo – di amare il
Signore. Si sente il profumo intellettuale di Agostino. Più di Agostino che di
Paolo. Ma qui andiamo già nel difficile. Si dovrebbe pensare che siano tre i
Santi di riferimento per l’attuale Vescovo di Roma (che insiste molto su questa
qualifica che accompagna e addirittura precede il titolo pontificale):
Agostino, Ignazio, Francesco.
Ma è quest’ultimo che dà al Papa che ne ha preso il nome il connotato
più evidente e da lui sottolineato in ogni occasione. Vuole una Chiesa povera
che predichi il valore della povertà; una Chiesa militante e missionaria, una
Chiesa pastorale, una Chiesa costruita a somiglianza di un Dio misericordioso,
che non giudica ma perdona, che cerchi la pecora smarrita, che accolga il
figliol prodigo.
Certo, la Chiesa cattolica è anche un’istituzione, ma l’istituzione,
come la vede Francesco, è una struttura di servizio, come l’intendenza di un
esercito rispetto alle truppe combattenti. L’intendenza segue, non precede. E
così siano l’istituzione, la Curia, la Segreteria di Stato, la Banca, il
Governatorato del Vaticano, le Congregazioni, i Nunzi e i Tribunali, tutta l’immensa
e immensamente complessa architettura che tiene in piedi da duemila anni la
Chiesa, Sposa di Cristo. Questo, finora, è stato il volto della Chiesa. La
pastoralità? Certo, un bene prezioso. La Chiesa predicante? La Chiesa
missionaria? La Chiesa povera? Certo, la vera sostanza che l’istituzione
contiene come un gioiello prezioso dentro una scatola d’acciaio.
Ma attenzione: per duemila anni la Chiesa ha parlato, ha deciso, ha
agito come istituzione. Non c’è mai stato un papa che abbia inalberato il vessillo
della povertà, non c’è mai stato un papa che nonabbia gestito il potere, che
non abbia difeso, rafforzato, amato il potere, non c’è mai stato un papa che
abbia sentito come proprio il pensiero e il comportamento del poverello di
Assisi. E non c’è mai stata, se non nei casi di debolezza e di agitazione, una
Chiesa orizzontale invece che verticale. In duemila anni di storia la chiesa
cattolica ha indetto 21 Concili ecumenici, per lo più addensati tra il III e il
V secolo dell’era cristiana e tra il IX e il XIII. Dal Concilio di Trento
passarono più di trecent’anni fino al Vaticano I preceduto dal Sillabo e poi ne
passarono ottanta fino al Vaticano II.
I Sinodi sono stati ovviamente molto più numerosi, ma tutti indetti e
guidati dalla Curia e dal Papa. Il cardinale Martini (vedi caso anch’egli
gesuita) voleva accanto al magistero del Papa la struttura orizzontale dei
Concili e dei Sinodi dei vescovi, delle Conferenze episcopali e della
pastoralità. Non fu amato a Roma, come Bergoglio nel conclave che terminò con
l’elezione di Ratzinger.
Bergoglio ama anche lui la struttura orizzontale. La sua missione
contiene insomma due scandalose novità: la Chiesa povera di Francesco, la
Chiesa orizzontale di Martini. E una terza: un Dio che non giudica ma perdona. Non
c’è dannazione, non c’è Inferno. Forse Purgatorio? Sicuramente pentimento come
condizione per il perdono. «Chi sono io per giudicare i gay o i divorziati che
cercano Dio?» così Bergoglio.
* * *
Vorrei però a questo punto porgli qualche domanda. Non credo
risponderà, ma qui ed oggi non sono un giornalista, sono un non credente che è
da molti anni interessato e affascinato dalla predicazione di Gesù di Nazareth,
figlio di Maria e di Giuseppe, ebreo della stirpe di David. Ho una cultura
illuminista e non cerco Dio. Penso che Dio sia un’invenzione consolatoria e
affascinate della mente degli uomini.
Ebbene, è in questa veste che mi permetto di porre a Papa Francesco
qualche domanda e di aggiungere qualche mia riflessione.
Prima domanda: se una persona non ha fede né la cerca, ma commette
quello che per la Chiesa è un peccato, sarà perdonato dal Dio cristiano?
Seconda domanda: il credente crede nella verità rivelata, il non credente pensa
che non esista alcun assoluto e quindi neppure una verità assoluta, ma una
serie di verità relative e soggettive. Questo modo di pensare per la Chiesa è
un errore o un peccato? Terza domanda: Papa Francesco ha detto durante il suo
viaggio in Brasile che anche la nostra specie perirà come tutte le cose che
hanno un inizio e una fine. Anch’io penso allo stesso modo, ma penso anche che
con la scomparsa della nostra specie scomparirà anche il pensiero capace di
pensare Dio e che quindi, quando la nostra specie scomparirà, allora scomparirà
anche Dio perché nessuno sarà più in grado di pensarlo. Il Papa ha certamente
una sua risposta a questo tema e a me piacerebbe molto conoscerla.
Ed ora una riflessione. Credo che il Papa, che predica la Chiesa
povera, sia un miracolo che fa bene al mondo. Ma credo anche che non ci sarà un
Francesco II. Una Chiesa povera, che bandisca il potere e smantelli gli
strumenti di potere, diventerebbe irrilevante. È accaduto con Lutero ed oggi le
sette luterane sono migliaia e continuano a moltiplicarsi. Non hanno impedito
la laicizzazione anzi ne hanno favorito l’espansione. La Chiesa cattolica,
piena di difetti e di peccati, ha resistito ed è anzi forte perché non ha
rinunciato al potere. Ai non credenti come me Francesco piace molto, anzi
moltissimo, come pure Francesco d’Assisi e Gesù di Nazareth. Ma non credo che
Gesù sarebbe diventato Cristo senza un San Paolo.
Lunga vita a Papa Francesco.
RESUMINDO: a maturação do segundo
editorial - sinceramente, mais mórbido do que o primeiro - gerou oito perguntas,
que podem ser enumeradas assim:
1) A modernidade iluminista pôs em discussão o tema do
"absoluto", partindo da verdade. Existe uma única verdade ou tantas
quantas cada pessoa possa configurar? (La modernità illuminista ha messo in discussione il tema
dell'"assoluto", a cominciare dalla verità. Esiste una sola verità o
tante quante ciascuno individuo ne configura?).
2) os Evangelhos e a Doutrina da Igreja afirmam que o Unigênito de
Deus se encarnou, certamente não vestindose-se e imitando os modos dos homens e
permanecendo Deus, mas bem, assumindo também as dores, as alegrias e os
desejos. Isto significa que Jesus teve todas as tentações da carne e venceu-as
nao enquanto Deus, mas enquanto homem que se dispôs a levar o amor ao proximo
ao mesmo nível de intensidade do amor a si mesmo. Daqui a provocação: ama o teu
proximo como a ti mesmo. Ate que ponto a pregação de Jesus e da Igreja fundada
sob seus discípulos realizou este objetivo? ( I Vangeli e la dottrina della Chiesa affermano
che l'Unigenito di Dio si è fatto carne non certo indossando un abito e
imitando le movenze degli uomini e restando Dio, bensì assumendone anche i
dolori, le gioie e i desideri. Ciò significa che Gesù ha avuto tutte le
tentazioni della carne e le ha vinte non in quanto Dio ma in quanto uomo che si
era posto il fine di portare l'amore per gli altri allo stesso livello
d'intensità dell'amore per sé. Di qui l'incitamento: ama il prossimo tuo come
te stesso. Fino a che punto la predicazione di Gesù e della Chiesa fondata dai suoi
discepoli ha realizzato questo obiettivo? ).
3) As outras religiões monoteistas, a judaica, a islâmica, prevêem um
só Deus, o mistério da Trindade lhes é totalmente estranho. O cristianismo é
então um monoteísmo ao quanto menos, particular. Como se explica que para uma
religião que há como raiz o Deus bíblico, que não existe nenhum Filho Unigênito
e não possa ser nem pronunciado nem pouco menos representado, como no caso de
Alá? (Le
altre religioni monoteiste, l'ebraica e l'Islam, prevedono un solo Dio, il
mistero della Trinità gli è del tutto estraneo. Il cristianesimo è dunque un
monoteismo alquanto particolare. Come si spiega per una religione che ha come
radice il Dio biblico, che non ha alcun Figlio Unigenito e non può essere né
nominato né tantomeno raffigurato, come del resto Allah?).
4) O Deus encarnado sempre afirmou que o seu reino nem eram nem seria
jamais deste mundo. Il . daqui o " Dai a Cesar o que é de
Cesar e a Deus o que é de Deus". O Papa Francisco representa finalmente a
prevalência da Igreja pobre e pastoral sobre aquela institucional e
temporalidade?
(Il Dio incarnato ha sempre affermato che il suo regno non era e non
sarebbe mai stato di questo mondo. Di qui il "Date a Cesare ciò che è di
Cesare e a Dio ciò che è di Dio". Papa Francesco rappresenta finalmente la
prevalenza della Chiesa povera e pastorale su quella istituzionale e
temporalistica?).
5) Deus prometeu a Abrahão e ao povo eleito de Israel prosperidade e
felicidade, mas esta promessa nunca se realizou e culminou, depois de muitos
séculos de perseguições e discriminações, no horror da Shoah. O Deus de
Abrahão, que é também o dos cristãos, nao manteve, então, sua promessa? ( Dio promise ad Abramo e al
popolo eletto di Israele prosperità e felicità, ma questa promessa non fu mai
realizzata e culminò, dopo molti secoli di persecuzioni e discriminazioni,
nell'orrore della Shoah. Il Dio di Abramo, che è anche quello dei cristiani,
non ha dunque mantenuto la sua promessa?).
6) Se uma pessoa não tem fé e nem busca-a, mas comete aquilo que
para a Igreja é um pecado, será perdoado pelo Deus cristão? (Se una persona non ha fede
né la cerca ma commette quello che per la Chiesa è un peccato, sarà perdonato
dal Dio cristiano?).
7) Quem crê, crê na verdade revelada, quem não crê, crê que não exista
algo "absoluto", mas uma série de verdades relativas e subjetivas.
Este modo de pensar, para a Igreja, é um erro ou um pecado ? (Il credente crede nella
verità rivelata, il non credente crede che non esista alcun
"assoluto" ma una serie di verità relative e soggettive. Questo modo
di pensare per la Chiesa è un errore o un peccato?).
8) O Papa disse durante sua viagem ao Brasil que também nossa espécie,
como todas as coisas que tem um início e um fim, terá um fim. mas quando nossa
especie desaparecera tambem o pensamento desaparecera e ninguém mais pensara em
Deus. então, neste ponto, Deus estará morto juntamente com todos os homens? (Papa ha detto durante il suo
viaggio in Brasile che anche la nostra specie finirà come tutte le cose che
hanno un inizio e una fine. Ma quando la nostra specie sarà scomparsa anche il
pensiero sarà scomparso e nessuno penserà più Dio. Quindi, a quel punto, Dio
sarà morto insieme a tutti gli uomini?).
3) EIS A RESPOSTA DO PAPA BERGOGLIO
Pregiatissimo Dottor Scalfari,
è con viva cordialità che, sia pure solo a grandi linee, vorrei
cercare con questa mia di rispondere alla lettera che, dalle pagine di
Repubblica, mi ha voluto indirizzare il 7 luglio con una serie di sue personali
riflessioni, che poi ha arricchito sulle pagine dello stesso quotidiano il 7
agosto. La ringrazio, innanzi tutto, per l’attenzione con cui ha voluto leggere
l’Enciclica Lumen fidei. Essa, infatti, nell’intenzione del mio amato
Predecessore, Benedetto XVI, che l’ha concepita e in larga misura redatta, e
dal quale, con gratitudine, l’ho ereditata, è diretta non solo a confermare
nella fede in Gesù Cristo coloro che in essa già si riconoscono, ma anche a
suscitare un dialogo sincero e rigoroso con chi, come Lei, si definisce «un non
credente da molti anni interessato e affascinato dalla predicazione di Gesù di
Nazareth». Mi pare dunque sia senz’altro positivo, non solo per noi
singolarmente ma anche per la società in cui viviamo, soffermarci a dialogare
su di una realtà così importante come la fede, che si richiama alla
predicazione e alla figura di Gesù. Penso vi siano, in particolare, due
circostanze che rendono oggi doveroso e prezioso questo dialogo.
Esso, del resto, costituisce, come è noto, uno degli obiettivi
principali del Concilio Vaticano II, voluto da Giovanni XXIII, e del ministero
dei Papi che, ciascuno con la sua sensibilità e il suo apporto, da allora sino
ad oggi hanno camminato nel solco tracciato dal Concilio. La prima circostanza
— come si richiama nelle pagine iniziali dell’Enciclica — deriva dal fatto che,
lungo i secoli della modernità, si è assistito a un paradosso: la fede
cristiana, la cui novità e incidenza sulla vita dell’uomo sin dall’inizio sono
state espresse proprio attraverso il simbolo della luce, è stata spesso bollata
come il buio della superstizione che si oppone alla luce della ragione. Così
tra la Chiesa e la cultura d’ispirazione cristiana, da una parte, e la cultura
moderna d’impronta illuminista, dall’altra, si è giunti all’incomunicabilità. È
venuto ormai il tempo, e il Vaticano II ne ha inaugurato appunto la stagione,
di un dialogo aperto e senza preconcetti che riapra le porte per un serio e
fecondo incontro. La seconda circostanza, per chi cerca di essere fedele al
dono di seguire Gesù nella luce della fede, deriva dal fatto che questo dialogo
non è un accessorio secondario dell’esistenza del credente: ne è invece
un’espressione intima e indispensabile. Mi permetta di citarLe in proposito
un’affermazione a mio avviso molto importante dell’Enciclica: poiché la verità
testimoniata dalla fede è quella dell’amore — vi si sottolinea — «risulta
chiaro che la fede non è intransigente, ma cresce nella convivenza che rispetta
l’altro. Il credente non è arrogante; al contrario, la verità lo fa umile,
sapendo che, più che possederla noi, è essa che ci abbraccia e ci possiede.
Lungi dall’irrigidirci, la sicurezza della fede ci mette in cammino, e rende
possibile la testimonianza e il dialogo con tutti» (n. 34). È questo lo spirito
che anima le parole che le scrivo.
La fede, per me, è nata dall’incontro con Gesù. Un incontro personale,
che ha toccato il mio cuore e ha dato un indirizzo e un senso nuovo alla mia
esistenza. Ma al tempo stesso un incontro che è stato reso possibile dalla
comunità di fede in cui ho vissuto e grazie a cui ho trovato l’accesso
all’intelligenza della Sacra Scrittura, alla vita nuova che come acqua
zampillante scaturisce da Gesù attraverso i Sacramenti, alla fraternità con
tutti e al servizio dei poveri, immagine vera del Signore. Senza la Chiesa — mi
creda — non avrei potuto incontrare Gesù, pur nella consapevolezza che
quell’immenso dono che è la fede è custodito nei fragili vasi d’argilla della
nostra umanità. Ora, è appunto a partire di qui, da questa personale esperienza
di fede vissuta nella Chiesa, che mi trovo a mio agio nell’ascoltare le sue
domande e nel cercare, insieme con Lei, le strade lungo le quali possiamo,
forse, cominciare a fare un tratto di cammino insieme. Mi perdoni se non seguo
passo passo le argomentazioni da Lei proposte nell’editoriale del 7 luglio. Mi
sembra più fruttuoso — o se non altro mi è più congeniale — andare in certo
modo al cuore delle sue considerazioni. Non entro neppure nella modalità
espositiva seguita dall’Enciclica, in cui Lei ravvisa la mancanza di una sezione
dedicata specificamente all’esperienza storica di Gesù di Nazareth.
Osservo soltanto, per cominciare, che un’analisi del genere non è
secondaria. Si tratta infatti, seguendo del resto la logica che guida lo snodarsi
dell’Enciclica, di fermare l’attenzione sul significato di ciò che Gesù ha
detto e ha fatto e così, in definitiva, su ciò che Gesù è stato ed è per noi.
Le Lettere di Paolo e il Vangelo di Giovanni, a cui si fa particolare
riferimento nell’Enciclica, sono costruiti, infatti, sul solido fondamento del
ministero messianico di Gesù di Nazareth giunto al suo culmine risolutivo nella
pasqua di morte e risurrezione. Dunque, occorre confrontarsi con Gesù, direi,
nella concretezza e ruvidezza della sua vicenda, così come ci è narrata
soprattutto dal più antico dei Vangeli, quello di Marco. Si costata allora che
lo «scandalo» che la parola e la prassi di Gesù provocano attorno a lui
derivano dalla sua straordinaria «autorità»: una parola, questa, attestata fin
dal Vangelo di Marco, ma che non è facile rendere bene in italiano. La parola
greca è «exousia », che alla lettera rimanda a ciò che «proviene dall’essere»
che si è. Non si tratta di qualcosa di esteriore o di forzato, dunque, ma di
qualcosa che emana da dentro e che si impone da sé. Gesù in effetti colpisce,
spiazza, innova a partire— egli stesso lo dice — dal suo rapporto con Dio,
chiamato familiarmente Abbà, il quale gli consegna questa «autorità» perché
egli la spenda a favore degli uomini. Così Gesù predica «come uno che ha
autorità», guarisce, chiama i discepoli a seguirlo, perdona... cose tutte che,
nell’Antico Testamento, sono di Dio e soltanto di Dio. La domanda che più volte
ritorna nel Vangelo di Marco: «Chi è costui che...?», e che riguarda l’identità
di Gesù, nasce dalla costatazione di una autorità diversa da quella del mondo,
un’autorità che non è finalizzata ad esercitare un potere sugli altri, ma a
servirli, a dare loro libertà e pienezza di vita. E questo sino alpunto di
mettere in gioco la propria stessa vita, sino a sperimentare l’incomprensione,
il tradimento, il rifiuto, sino a essere condannato a morte, sino a piombare
nello stato di abbandono sulla croce. Ma Gesù resta fedele a Dio, sino alla
fine. Ed è proprio allora — come esclama il centurione romano ai piedi della
croce, nel Vangelo di Marco — che Gesù si mostra, paradossalmente, come il
Figlio di Dio! Figlio di un Dio che è amore e che vuole, con tutto se stesso,
che l’uomo, ogni uomo, si scopra e viva anch’egli come suo vero figlio. Questo,
per la fede cristiana, è certificato dal fatto che Gesù è risorto: non per
riportare il trionfo su chi l’ha rifiutato, ma per attestare che l’amore di Dio
è più forte della morte, il perdono di Dio è più forte di ogni peccato, e che
vale la pena spendere la propria vita, sino in fondo, per testimoniare questo
immenso dono.
La fede cristiana crede questo: che Gesù è il Figlio di Dio venuto a
dare la sua vita per aprire a tutti la via dell’amore. Ha perciò ragione,
egregio Dott. Scalfari, quando vede nell’incarnazione del
Figlio di Dio il cardine della fede cristiana. Già Tertulliano
scriveva «caro cardo salutis», la carne (di Cristo) è il cardine della
salvezza. Perché l’incarnazione, cioè il fatto che il Figlio di Dio sia venuto
nella nostra carne e abbia condiviso gioie e dolori, vittorie e sconfitte della
nostra esistenza, sino al grido della croce, vivendo ogni cosa nell’amore e
nella fedeltà all’Abbà, testimonia l’incredibile amore che Dio ha per ogni
uomo, il valore inestimabile che gli riconosce. Ognuno di noi, per questo, è
chiamato a far suo lo sguardo e la scelta di amore di Gesù, a entrare nel suo
modo di essere, di pensare e di agire. Questa è la fede, con tutte le
espressioni che sono descritte puntualmente nell’Enciclica.
Sempre nell’editoriale del 7 luglio, Lei mi chiede inoltre come capire
l’originalità della fede cristiana in quanto essa fa perno appunto
sull’incarnazione del Figlio di Dio, rispetto ad altre fedi che gravitano
invece attorno alla trascendenza assoluta di Dio. L’originalità, direi, sta
proprio nel fatto che la fede ci fa partecipare, in Gesù, al rapporto che Egli
ha con Dio che è Abbà e, in questa luce, al rapporto che Egli ha con tutti gli
altri uomini, compresi i nemici, nel segno dell’amore. In altri termini, la figliolanza
di Gesù, come ce la presenta la fede cristiana, non è rivelata per marcare una
separazione insormontabile tra Gesù e tutti gli altri: ma per dirci che, in
Lui, tutti siamo chiamati a essere figli dell’unico Padre e fratelli tra di
noi. La singolarità di Gesù è per la comunicazione, non per l’esclusione.
Certo, da ciò consegue anche — e non è una piccola cosa — quella distinzione
tra la sfera religiosa e la sfera politica che è sancita nel «dare a Dio quel
che è di Dio e a Cesare quel che è di Cesare», affermata con nettezza da Gesù e
su cui, faticosamente, si è costruita la storia dell’Occidente. La Chiesa,
infatti, è chiamata a seminare il lievito e il sale del Vangelo, e cioè l’amore
e la misericordia di Dio che raggiungono tutti gli uomini, additando la meta
ultraterrena e definitiva del nostro destino, mentre alla società civile e
politica tocca il compito arduo di articolare e incarnare nella giustizia e
nella solidarietà, nel diritto e nella pace, una vita sempre più umana. Per chi
vive la fede cristiana, ciò non significa fuga dal mondo o ricerca di
qualsivoglia egemonia, ma servizio all’uomo, a tutto l’uomo e a tutti gli
uomini, a partire dalle periferie della storia e tenendo desto il senso della
speranza che spinge a operare il bene nonostante tutto e guardando sempre al di
là.
Lei mi chiede anche, a conclusione del suo primo articolo, che cosa
dire ai fratelli ebrei circa la promessa fatta loro da Dio: è essa del tutto
andata a vuoto? È questo — mi creda — un interrogativo che ci interpella
radicalmente, come cristiani, perché, con l’aiuto di Dio, soprattutto apartire
dal Concilio Vaticano II, abbiamo riscoperto che il popolo ebreo è tuttora, per
noi, la radice santa da cui è germinato Gesù. Anch’io, nell’amicizia che ho coltivato
lungo tutti questi anni con i fratelli ebrei, in Argentina, molte volte nella
preghiera ho interrogato Dio, in modo particolare quando la mente andava al
ricordo della terribile esperienza della Shoah. Quel che Le posso dire,con
l’apostolo Paolo, è che mai è venuta meno la fedeltà di Dio all’alleanza
stretta con Israele e che, attraverso le terribili prove di questi secoli, gli
ebrei hanno conservato la loro fede in Dio. E di questo, a loro, non saremo mai sufficientemente grati, come Chiesa, ma
anche come umanità. Essi poi, proprio perseverando nella fede nel Dio
dell’alleanza, richiamano tutti, anche noi cristiani, al fatto che siamo sempre
in attesa, come dei pellegrini, del ritorno del Signore e che dunque sempre
dobbiamo essere aperti verso di Lui e mai arroccarci in ciò che abbiamo già
raggiunto.
Vengo così alle tre domande che mi pone nell’articolo del 7 agosto. Mi
pare che, nelle prime due, ciò che Le sta a cuore è capire l’atteggiamento
della Chiesa verso chi non condivide la fede in Gesù. Innanzi tutto, mi chiede
se il Dio dei cristiani perdona chi non crede e non cerca la fede. Premesso che
— ed è la cosa fondamentale — la misericordia di Dio non ha limiti se ci si
rivolge a lui con cuore sincero e contrito, la questione per chi non crede in
Dio sta nell’obbedire alla propria coscienza. Il peccato, anche per chi non ha
la fede, c’è quando si va contro la coscienza. Ascoltare e obbedire ad essa
significa, infatti, decidersi di fronte a ciò che viene percepito come bene o
come male. E su questa decisione si gioca la bontà o la malvagità del nostro
agire.
In secondo luogo, mi chiede se il pensiero secondo il quale non esiste
alcun assoluto e quindi neppure una verità assoluta, ma solo una serie di
verità relative e soggettive, sia un errore o un peccato. Per cominciare, io
non parlerei, nemmeno per chi crede, di verità «assoluta», nel senso che
assoluto è ciò che è slegato, ciò che è privo di ogni relazione. Ora, la
verità, secondo la fede cristiana, è l’amore di Dio per noi in Gesù Cristo.
Dunque, la verità è una relazione! Tant’è vero che anche ciascuno di noi la
coglie, la verità, e la esprime a partire da sé: dalla sua storia e cultura,
dalla situazione in cui vive, ecc. Ciò non significa che la verità sia
variabile e soggettiva, tutt’altro. Ma significa che essa si dà a noi sempre e
solo come un cammino e una vita. Non ha detto forse Gesù stesso: «Io sono la
via, la verità, la vita»? In altri termini, la verità essendo in definitiva
tutt’uno con l’amore, richiede l’umiltà e l’apertura per essere cercata, accolta
ed espressa. Dunque, bisogna intendersi bene sui termini e, forse, per uscire
dalle strettoie di una contrapposizione... assoluta, reimpostare in profondità
la questione. Penso che questo sia oggi assolutamente necessario per intavolare
quel dialogo sereno e costruttivo che auspicavo all’inizio di questo mio dire.
Nell’ultima domanda mi chiede se, con la scomparsa dell’uomo sulla terra,
scomparirà anche il pensiero capace di pensare Dio. Certo, la grandezza
dell’uomo sta nel poter pensare Dio. E cioè nel poter vivere un rapporto
consapevole e responsabile con Lui. Ma il rapporto è tra due realtà. Dio —
questo è il mio pensiero e questa la mia esperienza, ma quanti, ieri e oggi, li
condividono! — non è un’idea, sia pure altissima, frutto del pensiero dell’uomo.
Dio è realtà con la «R» maiuscola. Gesù ce lo rivela — e vive il rapporto con
Lui — come un Padre di bontà e misericordia infinita. Dio non dipende, dunque,
dal nostro pensiero. Del resto, anche quando venisse a finire la vita dell’uomo
sulla terra — e per la fede cristiana, in ogni caso, questo mondo così come lo
conosciamo è destinato a venir meno — , l’uomo non terminerà di esistere e, in
un modo che non sappiamo, anche l’universo creato con lui. La Scrittura parla
di «cieli nuovi e terra nuova» e afferma che, alla fine, nel dove e nel quando
che è al di là di noi, ma verso il quale, nella fede, tendiamo con desiderio e
attesa, Dio sarà «tutto in tutti».
Egregio Dott. Scalfari, concludo così queste mie riflessioni,
suscitate da quanto ha voluto comunicarmi e chiedermi. Le accolga come la
risposta tentativa e provvisoria, ma sincera e fiduciosa, all’invito che vi ho
scorto di fare un tratto di strada insieme. La Chiesa, mi creda, nonostante
tutte le lentezze, le infedeltà, gli errori e i peccati che può aver commesso e
può ancora commettere in coloro che la compongono, non ha altro senso e fine se
non quello di vivere e testimoniare Gesù:
Lui che è stato mandato dall’Abbà «a
portare ai poveri il lieto annuncio, a proclamare ai prigionieri la liberazione
e ai ciechi la vista, a rimettere in libertà gli oppressi, a proclamare l’anno
di grazia del Signore» (Lc4, 18-19).
Con fraterna vicinanza, Francesco.