26 agosto, 2014

Filosofia da ciência - Resumo das aulas



Aulas 1 e 2 (Gedeão Lucas)
7/8/14


FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Seguindo o pensamento heidggeriano, pode-se afirmar que a ciência estende o seu poderio para toda a terra, porém, ela não é capaz de voltar o seu olhar sobre si mesma.
A ciência vive de soluções dadas de forma sutis ao fenômeno, sempre por meio do mundo empírico, buscando uma boa teoria. É uma das grandes atividades da mente humana, porém, não consegue atingi-la em sua totalidade. Seu objeto é o existente ou o por existir. Tem como método o estudo lógico, sistemático e objetivo. Então, a ciência classifica, infere leis a partir da observação, da experimentação, sob a finalidade de tornar inteligível os aspectos do universo, bem como conferir ao homem o poder sobre a natureza.
Divide-se em:
a.  Ciência da natureza: física, química, biologia etc.
b.  Ciências formais: matemática, lógica etc.
c.   Ciências humanas: história, sociologia, psicologia etc.
Diferentemente dos métodos do conhecimento científico, o conhecimento vulgar é assistemático, acrítico, impreciso, autocontraditório. Em contrapartida, o conhecimento filosófico é sistemático, elucidativo, crítico e especulativo, a fim de estabelecer uma visão ampla e teorética do problema. Logo, pode-se dizer que a filosofia é conhecimento, mas nem todo conhecimento é filosofia.
EVOLUCIONISMO
Pode-se afirmar que existe duas concepções distintas de evolucionismo. A primeira fundamentando-se em Darwin, que defende a ideia de uma elaboração científica, com acumulação de experiência e observação limitadas ao campo biológico. A outra concepção, fundamenta-se em Spencer, na qual a ideia de evolucionismo é uma concepção geral da realidade, com aplicação do mundo natural, quase como algo histórico e social, de modo a fazer com que o homem se molde a partir das transformações que acontecem de forma natural e contínua, ficando conhecido como darwinismo social.
EPISTEMOLOGIA, UMA INTRODUÇÃO
Com o termo epistemologia se entende a reflexão filosófica na natureza e as condições e limites de validade do princípio, do método e dos resultados da ciência. O termo é usado como sinônimo da filosofia da ciência, porque embora esta última impressão, há um significado mais amplo que abarca o problema das relações entre a ciência e outras esferas da cultura, como política, religião, arte etc. O termo em francês e espanhol é usado como teoria da consciência, o conhecimento.
BIOÉTICA
O termo bioética hoje é utilizado como ética médica, não correspondendo, entretanto, com a difusão do termo biopolítico, mais conhecido dentro da comunidade científica.
A Teologia no começo da Idade Moderna
É marcada pelo início da difusão do saber que antes estava exclusivo no clero. Então há uma mudança de paradigma político – Monarquias Absolutistas ou Estados Nacionais. Surge uma unidade cultural na Europa, porém, deixa de ser uma unidade política, pois surge a Reforma Protestante, ocasionando em guerras religiosas.
Nesta mudança de mentalidade, o homem se torna protagonista de sua própria história, interferindo na teologia e na fé cristã, devido ao seu novo modo de pensar com risco de ideias anticristãs devido a ruptura com a fé cristã.
Concomitante a todos estes acontecimentos, há a expansão marítima, com a conquista e colonização de novas terras. Nisso, com a evolução mercantil, há enriquecimento cultural (conquistas geográficas).
Há a revolução e ascensão das ciências durante o Renascimento (séc. XVII), deixando de lado o modelo aristotélico, levando em consideração o físico-matemático.

Aulas 3 e 4 (Gedeão Lucas)
14/08/14
O conhecimento
De acordo com a Escola Austríaca, que insiste no pour-parler para se chegar ao conhecimento enquanto episteme, deve-se partir do “pré-conceito”, pois assim, se chega a um significado. Deve haver sempre o cuidado de analisar a afirmação que foi feita, a fim de não cristalizar o conhecimento, dogmatizando-o, pois o sensível é apenas um dos níveis para se chegar ao conhecimento, não sendo a única porta de acesso.
O conhecimento, embora não detido, pode ser alcançado, de modo a podermos montar a seguinte sequência: banalidade > doxa > episteme. As construções fúteis podem ser a primeira fase para a pré-compreensão das coisas e, consequentemente, o conhecimento científico se torna propedêutico ao conhecimento intelectivo. Este, por sua vez, não deve ser encarado simplesmente como se fosse algo capaz de arrebanhar seguidores para si, pois, isto é próprio daqueles que simplesmente informam as coisas.
Segundo o filósofo Pascal, existe um nível do conhecimento que não pertence ao mundo sensível. Para ele, a mente humana não é como uma folha de papel em branco que não carrega nem um tipo de conhecimento. Pascal segue a linha de pensamento agostiniana, neoplatonista.
Na esteira do conhecimento encontram-se aspectos próprios o caracterizam. O primeiro, chamado doxa, é um tipo de conhecimento que é relativo, podendo deixar lacunas no que diz, coisa que a episteme, segundo aspecto do conhecimento, não faz, pelo menos não pretende. Foi utilizada pelos sofistas para persuadir as pessoas, fato condenado por Platão. Já no século III a.C. e I a.C., com a tradução da Escritura Sagrada do hebraico para o grego, a palavra grega para glória é traduzida como doxa, sendo utilizada em todo o Novo Testamento.
Na filosofia clássica, Platão afirma que doxa é um conhecimento mediano do sensível. Está entre o conhecimento verdadeiro e o hiperurâneo. Não é somente opinião sobre o sensível, nem sobre a realidade invisível. É sair do conhecimento do senso comum para o conhecimento verdadeiro. Com isso, pode-se afirmar que a doxa é pressuposto para o conhecimento da ciência.
No que diz respeito à epistemologia, o conhecimento que se tem hoje não é igual ao conceito platônico. A ciência não tem a presunção de ditar a verdade, coisa que para Platão, a episteme era incumbida de indicar a forma mais completa e sistemática do saber.

Aulas 5 e 6 (Gedeão Lucas)
21/08/14

É costume nas universidades cristãs a prática de manter certos aspectos em relação à fé e, na história dos estudantes de Cambridge, renomada universidade, até certa época, mantinha o pensar cristão sob o olhar atento de três obras fundamentais de Paley[1], sendo a primeira Evidences of Chistinity, a segunda Moral Philosophy e a terceira Natural Theology. Tais obras influenciaram sobremaneira os cientistas do século XVIII, abrindo em seu tempo a ponte para a discussão entre fides et ratio.
Charles Darwin, aluno da supracitada universidade, filho de um casal protestante, ao ter contato com as referidas obras e feito observação em uma longa viagem que fez por várias partes do mundo, chega à conclusão que os valores cristãos que lhe foram passados não passavam de pura falácia. Passou a interpretar as Escrituras Sagradas à luz do que viu. Com isso, não chega a negar a existência de Deus, porém, modifica a relação que o divino tem na história, acontecendo uma releitura de sua ação. Então, a presença divina continua sendo criadora e providente, mas, não é determinante.
Após a viagem, e ao analisar os seus escritos, Charles Darwin resolve mostrar a sua descoberta a Wallace, seu professor e também pastor anglicano. Tal fato é comemorado pelos dois, pois, muito embora o seu professor nunca ter viajado e feito uma observação a fundo, também havia chegado as mesmas conclusões, só que nunca havia publicado aquilo que havia teorizado.
Há três dados marcantes em sua teoria:
a. Evolução do conceito de Deus – causa original; reposta ontológica;
b. Evolução dos seres – ao observar as Ilhas Galápagos, nota que existem diferentes espécies de aves, cada qual com um bico diferente, este, em função de seu alimento. Logo, havia uma conformação física de acordo com a necessidade. Daí, surge o que ele chama de seleção natural.
c. Evolução humana – é uma seleção por meio do sexo, onde, os homens, segundo Darwin, fazem sexo em busca da perpetuação da espécie. Enquanto que as mulheres buscam segurança.

A descoberta darwiniana é geradora de uma série de problemas, pois, foi mal interpretada. Segundo Spencer, a evolução natural e a sexual podem ser aplicadas a tudo, gerando um relativismo ético. Porém, foge do que anteriormente foi afirmado por Charles Darwin, que não cria uma lei, mas uma teoria da seleção e evolução natural das espécies.

Por fim, pode-se dizer que a afirmação de Darwin é científica porque parte da observação e comprovação. É também falseável porque podem existir casos que fujam daquilo que foi encontrado e observado em sua pesquisa.

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19/08/2014 (Messias Oliveira)


TEXTO FILOSOFIA DA CIÊNCIA (http://losservatoredellafinistraaltrui.blogspot.com.br/2014/08/filosofia-da-ciencia.html)


O texto, presente no blog acima citado, descreve a Filosofia da ciência da seguinte forma: é o campo da pesquisa filosófica que estuda os fundamentos, pressupostos e implicações filosóficas da ciência, incluindo as ciências naturais como física e biologia, e as ciências sociais, como psicologia e economia.
Levanta questões importantes para a investigação, assim como a ciência, tais como: O que? Como? Quando? Por que? Diferentemente das ciências, a filosofia questiona o por quê das coisas, problematizando e adentrando onde a ciência não alcança. A filosofia se distancia da ciência no quesito “fazer”, na aplicação prática; ela não busca aplicar na empiria as teorias discutidas. Suas discussões requerem reflexão, adentrando às fontes, às origens, ao ser.
A ciência aborda questões presentes na vida rotineira-material do homem; interfere em questões práticas, objetivas. Ela domina a TECHNÉ, abordando resultados palpáveis, cujo seus métodos buscam precisão e exatidão. Parte de uma hipótese para a verificação, através de teorias que resultam em uma lei. Isso quer dizer que a ciência cria hipótese, pesquisa e atua no seu contexto, na sociedade e no tipo de homem que interfere no meio em que vive – natureza, política, sociedades.
O construtivismo social trata dos aspectos sociais da ciência, o resultado na sociedade da atuação científica. Dar-se como a parte prática da ciência, criticando o diálogo entre os cientistas, e, focando sua atenção na objetividade.
Uma problemática se estabelece quando questionamos os limites da ciência; o momento em que se impõe uma delimitação permite a definição de sua área de atuação. Isso pode ser exemplificado com o caso da medicina, que por sua vez, não tenta explicar o homem como um todo, mas sim o estudo de suas partes específicas, com a observação e manutenção da saúde do corpo.

DUAS HIPÓTESE EXTREMAS: EVOLUCIONISMO ABSOLUTO E CRIACIONISMO CIENTÍFICO

O texto se refere a questões relacionadas às teorias evolucionista e criacionista; da hipótese de uma comunicação entre as duas vertentes de explicação da origem da vida. Duas vertentes radicais que imprimem limites quanto ao início e ao fim da vida.
O criacionismo científico atribui explicações científicas baseadas na bíblia e na tradição religiosa. Corrente surgida e desenvolvida nos Estados Unidos por protestantes e carregadas de tentativas de explicações que, se questionadas, chegam ao ponto de forjar provas, até mesmo materiais, de relatos bíblicos, alterando sua significação original.
Dois polos simples e objetivos são estabelecidos para a reflexão sobre a vida: o homem e globo (aqui entendido como a dimensão material). De um lado a religião, com a explicação sobre o homem; do outro, as ciências, a técnica. Se, por uma via, é arriscado apostar uma junção das duas vertentes, por outra, se configura também como um grande risco a generalização da explicação por uma única vertentes. A explicação darwiniana da evolução das espécies, aplicada aos animais, foi reinterpretada por Herbert Spenser e também aplicada ao homem na sociedade. Uma mudança evolutiva dos menos adaptados para os mais adaptados.
 
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26/08/2014 (Messias Oliveira)
O professor faz uma introdução retomando o assunto da aula anterior acerca de duas vertentes sobre a origem da vida: criação e evolução.
As teorias científicas partem de um princípio em que o universo ainda está em expansão (modificação). Um desafio se estabelece em provar que todo o universo (corpos celestes) tenham se originalizado de uma pequena massa, como afirmara Steve Hopkins. Também, entre outras teorias, encontra-se uma insuficiência em explicar o que pode ser o princípio ordenador, harmonizador, organizador do universo. A ciência consegue alcançar até certo ponto a explicação científica para o surgimento do universo. O que vem depois?
O relato bíblico é pressuposto para o relato científico? Em que se apoia o relato bíblico da criação? Tradições culturais e/ou religiosas existentes defendem a origem do universo, partindo de um ser supremo, que tenha ordenado tudo; uma consciência superior dotada da capacidade de criação, de gerar vida.
A distância entre as tradições bíblicas, religiosas ou míticas que serve de base para a afirmação de uma inspiração divina que relata literalmente a criação da terra, pode não ser intencionada em fornecer explicações científicas, mas sim a influência divina na vida do homem, em contato com a natureza-tempo-universo. Nitidamente a racionalidade abordada na bíblia não segue uma razão cartesiana, por exemplo, não tem a intenção de provar cientificamente seus relatos e narrativas através de experimentos e comprovações metódicas. Não se pode negar que existem muitos relatos de cunho poéticos e o uso de parábolas para muitas explicações na bíblia, o que garante a impossibilidade de serem comprovados cientificamente, permanecendo à critério de interpretações à luz da divindade, considerando seu contexto e dentro da história ou narrativa na tradição religiosa.
A cautela científica permite a averiguação constante. Não é justo pôr à prova questões religiosas/míticas envolvendo fé e inspiração transcendente, cuja tentativa de comprovação torna-se inviável.
O objeto da filosofia é o pensável; o da teologia é o dado revelado; e o da ciência, é experimentável. Diante dos inúmeros questionamentos de que a filosofia e a teologia não podem ser comprovadas, é correto afirmar que elas estão também sujeitas ao rigor científico através da hermenêutica, com critérios e observância dos textos e fontes, resultando em estudos criteriosos e bem fundamentados.

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2/09/2014 (Messias Oliveira)

Apresentação e exposição. Continuação do tema “Senso comum e ciência” do livro Filosofia da Ciência - Introdução ao jogo e suas regras, cap. 2, de Rubem Alves (Editora Brasiliense, 1981), Apresentada por Jorane Fagner. O tema trata da desmistificação da figura do cientista, das diferenças entre crença e ciência presentes na vida das pessoas, em que o contraste visível entre ciência e senso comum não deve estabelecer hierarquia, separar os indivíduos entre os mais e menos inteligente, mas deve, sim, equipará-los como participantes de um mundo altamente interativo e pronto para mudanças e evoluções.

            Rubem Alves usa do recurso de retirar das situações rotineiras os exemplos existentes entre atitudes científicas e as típicas do senso comum, que podem drasticamente alterar o resultado da interferência no meio. A ação científica é motivada ante um modelo seguro. “É o defeito que faz a gente pensar” – a frase do autor estabelece uma importância acentuada na observação e identificação do problema, para que todo esforço seja feito para encontrar solução, que por sua vez, quando atingida, sinaliza uma superação do modo de ser e agir baseado nas sensações.

            Um pressuposto para o entendimento da realidade é contemplá-la e refletir seus problemas e interrogações com clareza. Esse esforço é característica de uma atitude científica, do fazer ciência a partir do meio. É ressaltada também a importância do uso de instrumentos e seu conhecimento para uma ação instrumentalizada.

            A elaboração de uma teoria apresenta seu resultado na averiguação de um comportamento ou elemento em sua repetição ou aplicação para que se verifique a reafirmação ou refutação, quando exposta à comunidade científica.  A teoria é a parte abstrata/ teórica da ciência, importante na problematização para a solução. Esta solução permite sair de onde se estar para onde se deseja ir.

O desconhecido é o desafio. A descoberta abre uma nova dimensão para a comprovação da teoria. Só se pode distanciar-se do senso comum a partir do momento em que o problema é estabelecido; o procedimento a ser tomado é o que pode diferenciar a ação do indivíduo; a eficiência e exatidão da escolha tomada vai depender da via escolhida por este indivíduo: senso comum ou ciência.
 
 
 
 

 
 



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12 agosto, 2014

Introdução à Filosofia da Ciência



1. Pour parler
Dos tabus que circulavam minha vida dois marcaram-me muito: o do futebol como “religião” estatal e, o outro, o que era sustentado pela máxima “futebol, religião e política não se discute”. Quebrei-os desde sempre, pois nunca admiti que, por ser brasileiro, tivesse o dever de cultuar o futebol. Nunca! Rejeitei a necessidade de cultuar os “santos” regionais e os do eixo Rio-Sampa; e, quando me perguntavam por qual time eu “intercedia” sempre respondi que não tinha “time do coração”; nem timinho nem timão. Fiquei fora das confrarias futebolísticas, fora das rodas dos entendidos no tema, ... Mas nunca apresentei-me sabedor de tais argumentos. Sempre repudiei o mundialmente difundido hábito de falar a despropósito, falar por falar, de falar por ter ouvido dizer, nunca gostei do pour-parler pois sempre achei que ao invés do que se estabelecia como tabu, poder-se-ia, sim, discutir sobre futebol, religião e política, pois acreditei que na discussão repousa a manifestação de um dos maiores desejos da humanidade: o desejo de encontrar a verdade. Hoje, aliás, acho extremamente deletéria a sustentação da validade de uma afirmação deste gênero.
Não poder discutir sobre religião não pressupõe somente o rechaço das divergências – como bonachonamente alguns podem querer interpretar – mas, na selva de espinhos e armadilhas do mercado religioso, supõe a relatividade de todas elas, nivelando a busca da verdade na possibilidade de vê-la dissolvida, ou, em pedaços. Aqui e ali. Supõe, ainda, a desnecessidade de avaliação da atuação ética e moral dessas instituições e de seus representantes como se a sacralidade que reveste muitas delas justificasse o farisaísmo e a prepotência de alguns guias e a passividade e mansuetude como únicas possibilidade dos adeptos e fiéis de viverem conformes aos pressupostos da divindade justiceira que, um dia, desembainharia sua espada, se sentaria em seu trono e separaria os bons dos maus, “as ovelhas dos bodes” (Mt 25, 31-32), o “joio do trigo” (Mt 13, 24-30).
Nesta mesma linha, nada se poderia indagar sobre o bem da polis, como se o mau-caratismo de um administrador tivesse o mesmo valor do homem público altruísta; ou, ingenuamente, como se descesse um “espírito santo” que durante o mandato guiasse os homens públicos aplainando os tortuosos caminhos que cortam a busca do bem de todos. Há muito tempo que penso – e ainda creio nisso – que uma legenda partidária não vale outra, que existem políticos e políticos; e, principalmente, que como já dissera o velho e bom filósofo Aristóteles, o poder não corrompe o homem, mas faz emergir o que ele realmente tem dentro de si.
Pour-parler, não! Pra falar com autoridade, é necessário ter conhecimento de causa. Para evitar os lugares-comuns ou o relativismo das ideias, se perseguimos a verdade, pra entrar num dialogo, antes de mais nada, é necessário saber do que se fala e com quem se dialogara. E, isto, pelos seguintes motivos: para que não vejas teu esforço intelectual não passar de uma verborreia, para que teu interlocutor não perca tempo, para que ao fim do diálogo, se esteja mais próximos da verdade, mais enriquecidos.
Enfim, e sobre o futebol? Os 7 a 1 do show de bola entre a Alemanha e o Brasil, deste último Mundial são a imagem mais plásticas de que, podemos sim, discutir, argumentando, evitando o pour-paler, de coisas da nossa cultura, da nossa transcendência e na nossa mundanidade, passando da banalidade à doxa e, desta à episteme.
2. Doxa
Mesmo quando possa parecer duro o juízo sobre as discussões fúteis na quais por vezes nos enveredamos, o passo seguinte, da perda de tempo para a construção de uma pré-compreensão.
In economics, other social sciences and philosophy, analysis of social phenomena based on one's own opinion(s) is referred to as normative analysis (what ought to be), as opposed to positive analysis, which is based on scientific observation (what materially is or is empirically demonstrable).
Historically, the distinction of demonstrated knowledge and opinion was articulated by Ancient Greek philosophers. Today, Plato's analogy of the divided line is a well-known illustration of the distinction between knowledge and opinion, or knowledge and belief, in customary terminology of contemporary philosophy. Opinions can be persuasive, but only the assertions they are based on can be said to be true or false.
A doxa (δόξα) é opinião; isto é, o conhecimento relativo que não colhe a autentica verdade e que, logo, é fonte de erro. Neste sentido, contrapõe-se à episteme (έπίστήμη).
Utilizada pelos retóricos gregos como ferramenta para formação de argumentos através de opiniões comuns, a doxa foi utilizada pelos sofistas para persuadir as pessoas, levando Platão a condenar a democracia ateniense.
A palavra doxa ganhou novo sentido nos séculos III ac. e I ac quando, em Alexandria, traduziram as escrituras hebraicas para o grego. Nessa tradução das Escrituras, chamada Septuaginta, a palavra hebraica para glória (kabot) foi traduzida para o grego como doxa. Essa tradução das Escrituras Hebraicas foi utilizada pela Igreja primitiva, sendo constantemente citada e utilizada pelos redatores do Novo Testamento. Os efeitos desse novo significado de doxa como “glória” é evidenciado pela utilização da palavra em todos os lugares do Novo Testamento e nos serviços de adoração da Igreja Ortodoxa Grega, que reflete os costumes ou práticas mais do que a opinião pessoal.
Doxa na filosofia clássica. Platão costumava opor conhecimento à doxa, o que levou à clássica oposição de erro à verdade, cuja análise desde então se tornou um grande interesse na filosofia ocidental. Portanto, o erro é considerado no Ocidente como negatividade pura, a qual pode tomar várias formas, dentre elas a forma de ilusão. Desse modo, doxa pode ironicamente ser definida como a “falha do filósofo”. Na retórica clássica, ela é contrastada com episteme.
Platone [...] lo inserisce coerentemente nel proprio pensiero, facendo della ‘doxa’ la conoscenza sensibile, articolata in ‘είκασία’, immaginazione o conoscenza delle immagini sensibili, e, πίστις, credenza o conoscenza degli oggetti sensibili. facendo dell’essere sensibile un piano intermedio tra il vero essere – iperuranico (monde delle idee) – e il nulla, Platone considera la ‘doxa’ come una conoscenza mediana, che richiede però di essere confermata e trasformata in ‘episteme’ [Cf. Menone 97ss] (E. Vimercati, «Doxa», Enciclopedia filosofica, IV, Milano, Bompiani, 2006, 3096-3097).
Entretanto, Aristóteles (Metafisica, VII, 15, 1039b 31) utilizou o termo endoxa – crenças comumente sustentadas aceitas pelos sábios e pelos mais antigos e influentes retores – para reconhecimento das crenças da cidade. Endoxa é uma crença mais estável do que doxa, porque ela tem sido “testada” nos debates da pólis por algum interveniente. A utilização do termo endoxa pelo estagirita pode ser encontrada nas suas obras Tópica e Retórica.
3. Episteme
O termo grego έπίστήμη é normalmente traduzido, ao mesmo tempo, seja como “conhecimento” seja como “ciência”. Se partirmos de Platão, como foi dito acima, com este termo prentende-se indicar a forma mais completa e sistemática de saber. Mas, é importante ressaltar que, na linguagem hodierna, tais traduções não equivalem ao que comumente conhecemos como “ciência”, nem menos indica qualquer tipo de conhecimento. A mais antiga reflexão grega sobre o conhecimento assume para si como caso paradigmático, aquele no qual o objeto está diante da vista de quem o conhece: até que o objeto permaneça firme diante dos olhos do observador, ele é claramente conhecido. Todavia, tão logo ele sai daquele campo visível, já não esta mais sob seu controle. Daqui o problema de seu porvir, a qual possibilidade de conhecimento não é mais garantida. sob profunda influência de Parmênides, difunde-se a ideia de que somente daquilo que é imóvel e imutável si possa obter o verdadeiro conhecimento; enquanto que,  de tudo o que seja contingente ou, em qualquer modo, mutável,  pode-se, tão somente, ter uma opinião.
Se poi si accetta l’idea di Eraclito, secondo il quale tutta la realtà non è immobile ma in incessante flusso, la conclusione non è lo scetticismo, ma un relativismo come quello di Protagora: la conoscenza non è impossibile, ma dipende interamente dal punto di vista e dalla situazione del soggetto conoscente (P. Fait, «Episteme», Enciclopedia filosofica, IV, Milano, Bompiani, 2006, 3449-3450).
Plantão, dentro deste quadro problemático, busca definir a episteme. tudo aquilo que é, adequadamente, objeto de conhecimento não pode mudar no tempo logo, não pode ser nada do mundo sensivelmente perceptível. Ainda: para ele, a episteme não pode ser doxa, uma mera opinião, mesmo quando esta seja verdadeira. o objeto de opinião, de fato, é inconstante e, assim, tem que ser, de qualquer modo, “amarrado”.