A propósito de uma primeira viagem
à República Checa
Para um homem vindo dos trópicos, confrontar-se com uma temperatura oscilando entorno a quinze graus abaixo de zero não fácil. Assim foi para mim aterrissar em Praga, capital da República Checa no mês de dezembro de 2005. "Un freddo cane", diria um italiano! Era a primeira vez que afrontava temperaturas tão baixas. Mas, era um frio seco, uma neve insistente e seca. Meu rosto pare ia congelar; minhas mãos, mesmo dentro de pesadas luvas, tornavam-se sempre mais insensíveis. Fez-me muita impressão quando, passando pelo controle alfandegário, estampou-se um belo sorrisos. Sorrisos quase ingênua e espontaneamente baiano. De fato, após perceber que tinha entre suas mãos um passaporte brasileiro, a senhora da alfândega sorriu-me enquanto dizia alguma frase em checo que concluiu com, Brazil, Brazil! Correspondi à sua simpatia e, enquanto me afastava fiquei imaginando quanto o meu passaporte possa ter nutrido a memória ou a imaginação daquela senhora: país tropical, o Cristo de braços abertos, as praias, uma aventura amorosa vivida, o sonho de abandonar tudo e,... Quanto é potente o poder evocativo de certos símbolos!
Um ônibus, o metro de Praga, chegava ao centro da cidade, a neve implacável,... Caminho pelas ruas do centro com a sensação de encontrar-me em Pamplona, de inverno,... À portada de homem, Praga não tinha áreas de capital nacional; ao menos, para mim.
Cheguei no belo hotel, com recepcionista ítalo-falante. Um alivio. Um quarto maravilhoso, caladamente maravilhoso com seus vinte e dois graus, temperatura "ambiente" enquanto do outro lado da janela, admirava a neve que ia acumulando-se sobre os tetos, sobre as calcadas. 30, 40, 50 centímetros de neve. Percebi que meus olhos pareciam brilhar como os daquela senhora da alfândega. A branca neve nutria minha memória de menino que assistia aos filmes americanos com neve, trenós, bonecos de neve, papai Noel,... Aquele passado era ali, diante de mim, materializado.
Nos dias que sucederam, descobri que quando para de nevar a paisagem rapidamente muda, o branco da neve, dissolvendo-se, deixa uma trilha de sujeira, de neve misturada com terra, com poeira, o encanto durava quanto poderia durar a nevada. Depois, ficavam os danos: neve pra ser removida, sal pra dissolvê-lá, correntes nas rodas para que os carros sé movam,... A beleza da neve durava pouco!
Nos dias que sucederam, descobri que quando para de nevar a paisagem rapidamente muda, o branco da neve, dissolvendo-se, deixa uma trilha de sujeira, de neve misturada com terra, com poeira, o encanto durava quanto poderia durar a nevada. Depois, ficavam os danos: neve pra ser removida, sal pra dissolvê-lá, correntes nas rodas para que os carros sé movam,... A beleza da neve durava pouco!
Praga tinha muitas outras belezas. As igrejas e as ruas e praças cheias de monumentos, o fabuloso relógio, as moradas de Kafka. Dei-me conta que, nunca houvera lido nenhuma obra de Frans. Se tia-me em culpa! Nos dias que permaneci por lá, pude visitar a Ponte Carlos, famoso monumento, imponente; visitei algum museu, o imponente castelo, São Venceslau, patrono nacional.
Praga deu-me a oportunidade de assistir, pela primeira vez fui à ópera. Assisti Tosca. Seu final dramático devolvia-me a Roma. A procissão com o Corpo de Deus, o suicídio do Castel di Santangelo,... Depois de quatro dias, era hora de voltar pra casa. Trouxe comigo a memória cheia de imagens, sons,... Meu armazém estava cheio, esperando o dia de voltar à terra de Kafka, talvez mais familiarizado com o seu mundo, depois de ter lido muito do que ele houvera escrito, descrevendo as glorias daquela grande nação.
Praga deu-me a oportunidade de assistir, pela primeira vez fui à ópera. Assisti Tosca. Seu final dramático devolvia-me a Roma. A procissão com o Corpo de Deus, o suicídio do Castel di Santangelo,... Depois de quatro dias, era hora de voltar pra casa. Trouxe comigo a memória cheia de imagens, sons,... Meu armazém estava cheio, esperando o dia de voltar à terra de Kafka, talvez mais familiarizado com o seu mundo, depois de ter lido muito do que ele houvera escrito, descrevendo as glorias daquela grande nação.
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