Trayvon Martin e outros racismos
Foi necessário que Obama falasse para que os olhos do mundo se voltasse para um velho problema americano: o do racismo. O de um norte branco e purista e o de um south de tradição escravocrata, com suas big house que bem recordam as semelhanças e diferenças com as nossas velhacadas- grandes nordestinas.
O afro-americano Barack Obama satélites que tentou manter a distancia e evitar possíveis interpretações na direção da assinalarão de conflitos entre os poderes democraticamente divididos e constituídos. Mas, uma coisa é certa: o autorevole presidente soube saber fazer a América parar e pensar a um velho problema americano. E o fez num modo pouco patético e muito realista. Diante da sentença de absolvição do assassino do jovem negro Trayvon Martin pro um vigilante branco, Obama evocou aquela latente suspeita de que o branco é sempre o mocinho da historia e, o negro, o bandido.
Falou das contradições da América que soube eleger um negro presidente mas que ainda manifesta suas fobias quando encontra diante de si um negro. Não somente fobia, diga-se de passagem, mas um neto racismo.
Em uma longa e autobiográfica conferencia para os órgãos da impressa Obama recordou episódios de racismo sofridos e convocou a América para um momento de meditação. Clamorosamente mostrou com alguns casos o quanto os júris dos tribunais americanos possam ser ou não imparciais diante de um réu branco ou negro. Outrossim, prometeu rever as leis que deixam e rever estas lacunas do judiciários americano.
Muitos anos atras, o nigrofilo Gilberto Freyre já dizia: a America tem muito o que ensinar-nos, mas seguramente, não em questões raciais. Passados tantos anos, pode-se ainda dar razão ao velho Freyre pois enquanto o americano Presidente não há outra arma que a convocação das consciências, na Itália, o vice-presidente do Senado, Calderoli, após ter comparado a ministra ítalo-congoles com um oragontango e sugerir que a política de integração racial fosse posta em prática pelo ministro no Congo, recebeu a reprovação de população, e das autoridades constituídas. Apenas explodiu a polemica, gerada num comício em seu curral eleitoral - a semi-fictícia Padania, parte do norte do território italiano - o parlamentar tentou camuflar a situação alegando ter o hábito de classificar seus amigos em função de suas semelhanças com o membros do reino animal. Como a coisa não funcionou e riscava a estabilidade do instável governo esquerdista e reformista de Gianni Letta, teve que ir em público pedir desculpas à população e à ministra Kembele; suscitando, mesmo assim, uma polemica sem precedentes.
Infelizmente, neste específico caso italiano, os atos de racismo não pararam por aí. Passada uma semana do infeliz pronunciamento do parlamentar. Ei- lá lá! A audaz ministra, no território que tanto ostiliza-a. Não deu outra: enquanto falava a uma assembléia, eis que um fanático - ainda anônimo - arremeteu naquela sala algumas bananas, numa clara re-evocação do episódio ocorrido na semana anterior. Desta fez os presentes reagiram repudiando a dupla covardia do anônimo racista. A ministra, da parte sua, soube alçar ainda mais sua bandeira e reprovou a ação com uma afirmação ao quanto menos rica de um duplo sentido. Por um lado recordou que em muitos países, os alimentos arremessados eram uma inteiro refeição. Por outro, com uma frase cortante, revogou a problemática econômica italiana e a necessidade de uma verdadeira metanoia para que se possa construir um país novo. Concluiu assim: e, basta sprechi! ( E, basta com os desperdícios!). Uma grande rainha da pele de ébano!
Na fraterna França, a família Le Pen, foi punida com a quebra da imunidade parlamentar após a sucessivas investidas contra a população imigrata, sobretudo africana. Assim, descobre-se que o velho mostro do preconceito de cor ainda vive no inconsciente dos que se julgam civilizados. A lição de moral vem de onde menos esperamos, a tenacidade também!