17 giugno, 2021

Necrológio de um padre-pai

Oliveira, João Batista de. (Presbítero) Gararu, 4/6/1952 - Aracaju, 17/6/2021. Bispo ordenante: José Bezerra Coutinho (7/02/1910 - 7/11/2008). Incardinação: Diocese de Estância Percurso eclesial Foi frade franciscano residindo no Convento Santa Maria dos Anjos (Penedo) e no Convento de Santo Antônio (Sirinhaém).Teve como companheiro de convento, dentre outros, os padres Nivaldo Monte (Diocese de Estância) e Fernando Ávila. Posteriormente foi desligado da vida conventual - conforme o biografado, por indisciplina - e foi acolhido na Diocese de Nazaré da Mata; indo estudar no Instituto de Teologia do Recife (ITER), vindo a fazer parte da primeira fase do Seminário Regional do Nordeste (SERENE). Neste tempo, para custear seus estudos, trabalhou na Academia Santa Gertrudes, na secretaria da Escola em Olinda. Desejando ficar mais perto de seus pais, que estavam ficando idosos, solicitou a Dom José Brandão de Castro (24/05/1919 - 23/12/1999)que pudesse seguir estudando em Olinda. Solicitação formalmente aceita, após 2 anos de estudos, estava para ser desligado do ITER por inadimplência por parte daquela diocese. Com a mediação de amigos padres estancianos, foi acolhido na homônima diocese. Após a conclusão do ciclo acadêmico filosófico-teológico, passou por um tempo de convivência na cidade de Tomar do Geru, acompanhado pelo padre padre Arnaldo Matos da Conceição (8/7/1938 - 14/7/2011), então pároco de Itabaianinha e Tomar do Geru. Foi ordenando presbítero à sombra das centenárias palmeiras da praça adjacente à igreja jesuíta do Geru (24/01/1980), contanto com a presença de inumerosos sacerdotes franciscanos e diocesanos pernambucanos. Após breve período auxiliando padre Arnaldo, passou a ser vigário da catedral da Guadalupe, dando assistência também à comunidade da “Cidade nova” e à comunidades rurais que compunham aquela Sé. Desentendeu-se com um proprietário rural - por conta dos maus-tratos dispensados aos funcionários - recusou-se a celebrar a festa patronal da capela particular de propriedade deste fazendeiro. O bispo foi e celebroua missa festiva. Desiludido com a postura daquele bispo diocesano, com a ajuda de um padre estanciano que também se desvinculara da diocese, e que se encontrara em Aracaju, veio para esta Arquidiocese sendo, para sua própria surpresa, “afetuosamente acolhido” por dom Luciano José Cabral Duarte (21/01/1925 - 29/5/2018), que na ocasião lhe presenteara com uma linda cruz peitoral suástica em bronze. Em Aracaju exerceu seu ministério nas paróquias: Sagrada Família (Sol Nascente e Castelo Branco), Santa Luzia (Barra dos coqueiros), São Francisco (Jardim esperança e parque dos coqueiros), Nossa Senhora da Conceição (Mosqueiro) e Santo Antônio e Almas (Itabaiana), primeiro como vigário, depois como Capelão. Foi professor universitário, lecionou na "Faculdade de Formação de Professores de Penedo" e após após concurso público, ingressou no magistério secundário, lecionando no colégio Barão de Mauá (Aracaju). Costureiro, ofício que aprendera com os padres franciscanos alemães, por onde passou buscou implantar curso de corte e costura. Foi o responsável pela primeira reforma da Igreja Matriz de Barra dos coqueiros, concluída pela padre José Juarez dos Santos Lima (10/08/1964). Destacava se pela indignação diante das injustiças e não media palavras à hora de denunciá-las. Tenha a paciência dos bons confessores e o realismo dos bons conselheiros. Amigo fiel. Inspiração vocacional: São João Batista, o Seráfico, dom Helder Câmara. Mestres acadêmicos: Ivone Gebara, Eduardo Hoornaert, Clodovis Boff, Marcelo Pinto Carvalheira. Cenas de vida: 1. Digno de recordação foi o ato sarcástico com o qual sigilou sua desvinculação de uma das dioceses por onde passou. Para comunicar ao superior seu desligamento, redigiu o comunicado em carta de papel higiênico, registrado-a nos Correios. Nunca obteve resposta! 2. Após recusar celebrar missa de ação de graças por ocasião da reeleição do prefeito de Barra dos coqueiros, que mantinha os salários dos professores atrasados, foi removido daquele Curato por não permitir que outro sacerdote, indicado pelo Arcebispo, celebrasse em seu lugar. 3. Em 1991 contraiu uma enfermidade incurável que, para ele, foi o ponto de encontro com a transcendência pois lhe fez devotar o silêncio, a luta pela castidade, a simplicidade e o amor à pobreza; razão de sua voluntária e feliz reclusão na capela Senhora Sant’Ana (Itabaiana). Portador de comorbidades, foi acometido pelo vírus Covid-19, hospitalizado (22/05) veio a óbito em Aracaju, seu corpo repousa na capela Senhora Sant’Anna (Itabaiana).

28 aprile, 2021

O mito do mito da democracia racial

Chaval: Democracia racial

Desde que Oliveira Viana, Gilberto Freyre e outros pensadores da primeira metade do século XX começaram as buscar nuances de nossa cultura (miscigenação e sincretismo), foi si identificando pontos de contatos culturais que permitiram aflorar a ideia do “mito da democracia racial”. Na verdade, em nenhum momento, estes dois autores (por exemplo) descrevem o Brasil como um paraíso racial, basta ler Casa-grande & Senzala (Gilberto Freyre), para que se possa destronar o mito do mito da democracia racial no Brasil. Fora destes autores, cientista sociais como Florestan Fernandes, muito bem soube indicar, no sudeste brasileiro, em particular, as nuances do racismo brasileiro. A imagem do brasileiro como “homem cordial” (Sérgio Buarque de Holanda), foi camuflando o racismo tupiniquim e contribuindo para o surgimento da ideologia da “identidade nacional”. Somo sim, como povo, infelizmente e ainda: sexistas, racistas e regionalistas. E, quando estes dois elementos, o sexo e o regionalismo, sabrecai sobre o negro, ai a situação revela sua face escandalosa de um país que insiste em fingir ser igualitário para, assim, negar o debito, inclusive histórico, para com os negros e afrodescendentes, para com algumas regiões brasileiras e para com as mulheres. Em suma: o mito da democracia racial esconde a face mais perversa de nossa, enquanto nação, a da negação de que, desde o início do processo civilizatório, os africanos, como bem explica Laurentino Gomes, em sua obra, escravidão, entraram para fazer parte deste processo sem liberdade, desenraizados de sua terra e de sua cultura. O mito da democracia, finalizando, é a face mais horrenda – porque negacionista – das mazelas do nosso processo civilizatório. Cotas para concursos, universidades, são uma busca de reparo e o reconhecimento de um direito usurpado. Um país de democracia tão jovem e frágil, não pode se arvorar a ser uma democracia racial plurissecular.