Popper além de Filosofia, estudou Matemática, Física, Música e Psicologia. Dentre as obras é de salientar A Lógica da Pesquisa Científica (1935), obra que o celebrizou e na qual apresenta uma forte crítica ao critério da verificabilidade; Conjecturas e Refutações (1962) e Conhecimento Objetivo (1972).
O ponto de partida de sua filosofia da ciência é o problema da demarcação, pois considera importante diferenciar as verdadeiras teorias científicas de todas as outras teorias consideradas científicas. Assim, o "problema de demarcação o problema de estabelecer um critério que nos habilite a distinguir entre as ciências empíricas, de uma parte, e a Matemática e a Lógica, bem como os sistemas 'metafísicos', de outra" (Popper, A Lógica da Pesquisa Científica).
Consequentemente, existe a necessidade de criar um critério de cientificidade que demarque apropriadamente as teorias científicas das que não têm estatuto científico. Ele rejeita o critério da verificabilidade enquanto resposta para este problema. Este critério foi defendido pelos positivistas lógicos e consistia no seguinte: uma teoria é considerada científica se consiste em afirmações empiricamente verificáveis. O seu valor de verdade é estabelecido pela observação (método indutivo). Ele rejeita este critério porque pensa que não é possível estabelecer a verdade das leis da natureza através da observação. Assim, o critério positivista torna-se insatisfatório enquanto critério de cientificidade.
Assim sendo, propõe, então, o critério da falsificabilidade. Este é o seu critério de cientificidade: Uma teoria é falsificável se é possível mostrar que ela é falsa recorrendo à observação. Segundo Popper, as teorias científicas estão sempre abertas à possibilidade de refutação. Uma teoria genuinamente cientifica é aquela que pode ser testada pela experiência e que será refutada se os testes não lhe forem favoráveis. Como funciona este critério?
Para o colocar em prática, explica-nos como funciona o método das conjecturas e refutações. Ao contrário do método indutivista que partia da observação, afirma que os problemas são o ponto de partida da investigação científica. Quando um investigador observa o mundo, fá-lo de um modo seletivo, prestando atenção apenas ao que é relevante para resolver os problemas que motivam a sua investigação. É importante realçar que estes problemas surgem de teorias anteriormente aceites pelo investigador. Depois da observação, o investigador elabora teorias mediante um processo de criação de conjecturas, isto é, hipóteses sugestivas. Para Popper são conjecturas ousadas, pois têm um grau de falsificabilidade elevado.
Isto é, o que determina que uma teoria científica é de maior ou menor grau de falsificabilidade é o seu conteúdo empírico, isto é, a informação que a proposição nos dá sobre o mundo. Quanto mais é o grau de falsificabilidade de uma teoria, maior é o seu conteúdo empírico, mais informativa é. É desejável que uma teoria nos dê muita informação sobre o mundo da experiência, por isso é também desejável que uma teoria seja falsificável num grau elevado. Por fim, depois de a teoria ter sido elaborada é importante tentar refutá-la ou falsificá-la. Entra aqui o critério da falsificabilidade.
É preciso colocar as hipóteses à prova para ver se resistem às tentativas de refutação. Para isso é necessário produzir, a partir das hipóteses, previsões empíricas (através da observação e da experiência. Aqui a observação serve não para confirmar mas para refutar):
Se as previsões forem incorretas – a teoria é refutada. Se as previsões forem corretas? Tudo o que podemos dizer, segundo Popper é que, até ao momento a teoria não foi refutada, pelo que talvez seja verdadeira. Não podemos dizer que é confirmada pela experiência porque o autor pensa que as hipóteses científicas não admitem qualquer verificação empírica. Assim, uma teoria que superou todas as tentativas de refutação está corroborada pela experiência, significando que teve um bom desempenho no passado, mas que nada nos pode dizer sobre o futuro. Além disso, a corroboração não quer dizer que a investigação tenha chegado ao fim. A nova teoria suscita novos problemas, geralmente mais profundos, que requerem novas conjecturas e tentativas de refutação.
Para Popper, o escopo da ciência é encontrar teorias verdadeiras, apesar de defender que as teorias científicas são aquelas que podem ser falsificadas pela experiência. A ciência progride em direção á verdade por tentativa e erro, ou seja, pela formulação de teorias conjecturais e pela eliminação das teorias que são refutadas. Com as teorias corroboradas não podemos dizer que alcançamos a verdade, mas na medida em que as teorias científicas são descrições da realidade, ainda que imperfeitas, nós vamo-nos aproximando da verdade, obtendo uma imagem cada vez mais correta da realidade.
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